Dados do Trabalho
Título
Manejo de Choque Cardiogênico e Vasoplégico com Combinação de Dispositivo Mecânico e Estratégias Farmacológicas: um Relato de Caso
Descrição
INTRODUÇÃO: O choque cardiogênico e síndrome vasoplégica são condições clínicas complexas e com alta mortalidade. O choque cardiogênico resulta em redução do inotropismo e disfunção multiorgânica, afetando o sistema circulatório. Frequentemente, é complicado por uma síndrome de resposta inflamatória sistêmica e vasoplegia, com grave disfunção celular e metabólica. O manejo adequado do choque envolve diagnóstico precoce e terapia direcionada para otimizar a oferta de oxigênio e a perfusão tecidual. RELATO DE CASO: Paciente feminina, 64 anos, 71kg, com histórico de hipertensão arterial sistêmica, apresentou dor precordial típica e foi submetida a cateterismo cardíaco, que evidenciou doença arterial coronariana triarterial. O ecocardiograma mostrou fração de ejeção de 35%. Indicada cirurgia de revascularização do miocárdio com anestesia geral balanceada. Realizada monitorização padrão, de profundidade anestésica, pressão arterial invasiva, acesso venoso central e ecocardiograma transesofágico. A revascularização envolveu mamária com descendente anterior e safena com marginal e circunflexa, com tempo total de circulação extracorpórea (CEC) de 60 minutos. Pós-operatório imediato em unidade de terapia intensiva (UTI) com balanço hídrico neutro, sem uso de droga vasoativa (DVA), sob ventilação mecânica. Após 3 horas da admissão na UTI, a paciente desenvolveu choque cardiogênico e vasoplégico, refratário à vasopressores e inotrópicos (Noradrenalina 1.5 μg/kg/min; Vasopressina 0,04 U/min; Adrenalina 0.01 μg/kg/min e Dobutamina 10 μg/kg/min). Optou-se por inserção de balão intra aórtico (BIA) e cateter de artéria pulmonar (CAP). Adicionalmente, administrado azul de metileno 2 mg/kg endovenoso como medida adjuvante. O CAP mostrou baixas pressões de enchimento capilar (DC 2, RVSi 1900, PAOP 9), realizando-se prova volêmica com 500 ml de cristaloide e, após, 2 concentrados de hemácias. Inicialmente, houve melhora do choque com desmame de DVA. No 2º dia, ocorreu piora do padrão ventilatório, e foi indicado óxido nítrico para melhora da disfunção do ventrículo direito. No 3º dia, houve melhora hemodinâmica, com desmame total das DVA e posterior melhora da função cardíaca no ecocardiograma. DISCUSSÃO: O manejo do choque cardiogênico é complexo e envolve monitorização hemodinâmica invasiva para avaliar parâmetros macro e microcirculatórios; suporte farmacológico com vasopressores e inotrópicos; fluidoterapia e transfusão de hemocomponentes orientadas por metas; e suporte circulatório mecânico. Embora tenham ocorrido avanços no manejo nas últimas décadas, o choque cardiogênico ainda é um desafio. No caso apresentado, a paciente desenvolveu choque cardiogênico com componente vasoplégico após CEC. Tratada com terapia direcionada, incluindo BIA e azul de metileno como adjuvante para vasoplegia refratária. O diagnóstico precoce e o atendimento por uma equipe multidisciplinar em um centro de referência em cirurgia cardíaca foram cruciais para o sucesso do tratamento.
Referência 1
Ludhmila Abrahao Hajjar, Jean-Louis Teboul. Mechanical Circulatory Support Devices for Cardiogenic Shock: State of the Ar. Critical Care. 2019;23:76
Referência 2
van Diepen S, Katz JN, Albert NM, et al. Contemporary management of
cardiogenic shock: a scientific statement from the American Heart
Association. Circulation. 2017;136:e232–68
Palavras Chave
Choque; DVA; BIA
Área
Cuidados Intensivos e Doenças Infecciosas
Fonte de financiamento
Recursos Próprios
Instituições
CET S.A.INST.MATERN.INFANT.PE-IMIP - Pernambuco - Brasil
Autores
JOÃO GUILHERME ALVES DE ANDRADE, BERNARDO RIBEIRO TRAVASSOS, MATEUS COTIAS FILIZOLA, VINÍCIUS RIBEIRO TRAVASSOS, CAROLINA CAVALCANTI BEZERRA, GUSTAVO HENRIQUE FRANÇA DE MORAES