Dados do Trabalho
Título
Desafios enfrentados no manejo hemodinâmico de um paciente portador de Miocardiopatia Não Compactada.
Descrição
Introdução: A cardiomiopatia não compactada (NCC) é uma condição controversa marcada por trabeculações proeminentes e recessos profundos no ventrículo esquerdo, resultantes de um desenvolvimento incompleto do miocárdio durante a embriogênese. A etiologia exata ainda é discutida, mas fatores genéticos são considerados significativos. A NCC está associada a um aumento do risco de arritmias, eventos tromboembólicos, insuficiência cardíaca e choque cardiogênico. O manejo anestésico para pacientes com NCC demanda uma avaliação cardiovascular detalhada e um planejamento perioperatório meticuloso para otimizar a função hemodinâmica e evitar complicações durante o procedimento.
Relato de caso: B.C.N, 65 anos, masculino, 71kg, 1,68m; IMC 25,1kg/m, portador de Miocardiopatia não-compactada, Hipertensão Arterial Sistêmica, Fibrilação Atrial, Insuficiência Cardíaca com Fração de Ejeção Reduzida (FEVE= 34%), usuário de Marcapasso/CDI devido história de morte súbita abortada em Fibrilação Ventricular há 3 anos, faz uso de Enalapril, Espironolactona, Metoprolol, Omeprazol, Amiodarona e Rivaroxabana. Na avaliação pré-anestésica apresentava-se assintomático, NYHA Classe 1. ECG: Ritmo de marcapasso DDD. CATE: Sem lesões. Exames laboratoriais sem alterações. Em programação de Prostatectomia tranvesical por Hiperplasia Prostática Benigna (Incisão Pfannenstiel). Técnico especializado programou o marcapasso em modo assíncrono a 80bpm e desabilitou as terapias do CDI no dia da cirurgia. Em sala, realizada monitorização multiparamétrica, punção arterial e venosa central. Em seguida, pré-oxigenação, indução anestésica com Fentanil, Etomidato e Rocurônio, intubação orotraqueal, acoplado à ventilação mecânica e manutenção com Sevoflurano. Logo após indução paciente apresentou episódios de
hipotensão importante, iniciada Noradrenalina, a seguir Dobutamina e Vasopressina. No intraoperatório não houve sangramento e a ausculta pulmonar permaneceu normal. Ao término do procedimento, o paciente foi encaminhado à Unidade de Terapia Intensiva, entubado e estável hemodinamicamente em uso das drogas vasoativas mencionadas. Paciente apresenta melhora do Choque Cardiogênico e é extubado no 3º dia de pós-operatório, recebendo alta para casa uma semana depois.
Discussão: O choque cardiogênico, nesse caso secundário à NCC, é uma condição crítica caracterizada pela incapacidade do coração em fornecer fluxo sanguíneo adequado e foi devidamente tratado na situação descrita. Durante a cirurgia, o paciente teve instabilidade hemodinâmica, necessitando do uso de noradrenalina e vasopressina para elevar a pressão arterial e melhorar a perfusão. Após essa estabilização inicial, a dobutamina foi introduzida para aumentar a contratilidade e o débito cardíaco. Essa abordagem, ajustada com base na monitorização hemodinâmica, levou à estabilização do paciente e uma recuperação satisfatória.
Referência 1
Lorca, R., Rozado, J., & Martín, M. (2017). Non-compaction cardiomyopathy: A short review of a controversial entity. Journal of Cardiology, 69(4), 795-804. doi:10.1016/j.jjcc.2017.09.007
Referência 2
Bellan, M., & Azzarelli, S. (2017). Clinical approach to cardiogenic shock. Critical Care Medicine, 45(1), 187-193. doi:10.1097/CCM.0000000000002081
Palavras Chave
Choque; Insuficiência cardíaca; Complicações Perioperatórias
Área
Medicina Perioperatória
Fonte de financiamento
Privado
Instituições
CET H.DE BASE DISTRITO FEDERAL - Distrito Federal - Brasil
Autores
JEAN WELBER AFONSO PESSOA FILHO, KAROLYNNE MYRELLY OLIVEIRA BEZERRA DE FIGUIEIREDO SABOIA, GUSTAVO HENRIQUE DOS SANTOS DIAS, RENATA CRISTINA COSTA, LUÍS CÉSAR LORO MOREJÓN, FABRÍCIO TAVARES MENDONÇA