Dados do Trabalho


Título

Raquianestesia em paciente gestante portadora de miastenia gravis para realização de cesárea

Descrição

Introdução

A miastenia gravis é uma patologia autoimune da placa motora que envolve a destruição da junção neuromuscular devido à produção de anticorpos antireceptor de acetilcolina. Clinicamente a paciente pode referir fraqueza e fadiga muscular. Em períodos de crise miastênica, pode apresentar comprometimento diafragmático evoluindo com insuficiência respiratória. Devido ao quadro fisiopatológico da miastenia gravis é indubitável que condutas terapêuticas anestésicas possam influenciar na condição clínica do paciente portador desta doença autoimune. Desta forma, é de total importância o conhecimento farmacocinético e dinâmico das medicações utilizadas no intra-anestesico, individualizando a técnica anestésica escolhida nestes casos, com enfoque principalmente do sistema respiratório e suas possíveis complicações. O objetivo do relato é descrever o caso de uma gestante submetida à raquianestesia para realização de uma cesárea.

Relato de Caso

Paciente de 32 anos, sexo feminino, com diagnóstico prévio de miastenia gravis, sem vícios, em uso contínuo de Prednisona e Piridostigmina. Foi internada para realização de cesariana eletiva, devido à iteratividade, com histórico prévio de 3 cesarianas e 1 abortamento. A gestação atual da paciente era de 37 semanas e 2 dias. Foi submetida à raquianestesia sobre técnica asséptica e antisséptica com punção única lombar, entre L3 e L4, com agulha 27G ponta de lápis. Houve saída de líquido cefalorraquidiano claro e limpo. Realizada injeção intratecal de Bupivacaina hiperbárica 10mg, Fentanil 20mcg e Morfina 80mcg. Bloqueio testado e efetivo. A paciente manteve-se em ventilação espontânea com auxílio de cateter de oxigênio
com 2L/min. O procedimento anestésico cirúrgico durou 90 minutos sem intercorrências. Ao final da cirurgia a paciente foi conduzida a sala de recuperação anestésica para cuidados e controles gerais, até a sua alta do centro cirúrgico.

Discussão

Não existe contraindicação para realização de raquianestesia em pacientes com miastenia gravis, uma vez que o anestésico local não atua na junçãoneuromuscular, da placa motora. Contudo, deve-se atentar à somatória de efeitos causados pelo bloqueio do neuroeixo e pela miastenia, como insuficiência respiratória, por exemplo. Logo, a prevenção atenta-se ao nível do bloqueio, visto que na população obstétrica, pode haver o acometimento maior de dermátomos superiores gerando repercussões sistêmicas significativas nesses pacientes que não estão
compensados clinicamente.

Referência 1

LEE,Sindy;WEBB,Carly;ARMSTRONG,Sarah.Miastenia Gravis and Pregnancy. Anaesthesia Tutorial of the Week,[S.l.],v.443,p.1-7,16 mar.2021.Disponível em:resources.wfsahq.org/.Acesso em:24 jul.2024.

Palavras Chave

anestesia obstétrica; Miastenia gravis; raquianestesia

Área

Anestesia Obstétrica

Fonte de financiamento

Instituição de Origem

Instituições

CET IPAR - ITAPEVI - SÃO CAMILO POMPÉIA - São Paulo - Brasil

Autores

LUCAS ALENCAR DE ACIOLI LINS, GUILHERME CURI, MARCELO RIBEIRO DE MAGALHÃES QUEIROZ , DANIEL VARONI SCHNEIDER , MAYCON LUIZ SILVA OLIVEIRA, WILSON DE OLIVEIRA JÚNIOR