Dados do Trabalho


Título

Anestesia em gestante no 3º trimestre para derivação ventricular externa e cesariana simultaneamente: relato de caso

Descrição

Introdução: A síndrome de hipertensão intracraniana (HIC) cursa com níveis pressão intracraniana (PIC) maiores que 20 mmHg, podendo levar a redução da pressão de perfusão cerebral. Neste trabalho, descrevemos a abordagem anestésica para realização emergencial de parto cesáreo juntamente com confecção de derivação ventricular externa (DVE) em uma paciente com lesão expansiva cerebral e hidrocefalia aguda.
Relato de caso: Primigesta, 23 anos, idade gestacional de 36 semanas, obesidade grau I (IMC =32), Mallampati II, hipertensão arterial gestacional em uso de metildopa. Apresentou queda da própria altura após episódio de cefaleia holocraniana intensa associada a náuseas e vômitos, evoluindo com rebaixamento sensorial. É levada ao serviço de emergência médica, apresentando escala de coma de Glasgow 13. Tomografia de crânio evidenciou hidrocefalia supratentorial e lesão sólido-cistica em fossa posterior à esquerda, tendo indicação de DVE pela neurocirurgia. Equipe de obstetrícia optou pela cesariana, devido à maturidade fetal. Paciente deu entrada em sala operatória, feita monitorização básica, com sinais vitais estáveis, punção de acesso venoso periférico jelco 18 e realizada anestesia geral venoinalatória. Feita sequencia rápida de intubação orotraqueal (IOT) com administração endovenosa (EV) de: lidocaína 100 mg, propofol 200 mg, succinilcolina 100 mg, sob videolaringoscopia com tubo aramado nº 7,0, com cuff e manutenção anestésica com sevoflurano a 1,5%. Após a extração fetal, foi administrado fentanil 150mcg e rocuronio 30 mg (EV). Realizada punção de artéria radial direita para monitorização de PAM. O cateter de ventriculostomia foi implantado no corno frontal do ventrículo lateral com pressão de abertura foi de 20 mmHg (normal 5-15 mmHg). Reversão do bloqueio neuromuscular com sugamadex 200 mg (EV) e extubação ao final do procedimento. A paciente foi encaminhada à sala de recuperação pós anestésica em Aldrete 9. O feto nasceu vivo, com Apgar 5/7.
Discussão: O ponto crucial dessa anestesia é manter a pressão de perfusão cerebral (PPC) materna e a perfusão placentária em níveis adequados, evitando hipotensão. A indução em sequência rápida foi utilizada por se tratar de uma intervenção cirúrgica em paciente gestante, considerada “estômago cheio”. A interrupção da gestação através de cesariana se deu devido à maturidade fetal. Para isso utilizamos anestesia poupadora de opioides e uso de bloqueador neuromuscular despolarizante ate a extração do concepto, para causar menos interferência ao bem estar fetal. Os procedimentos ocorreram sem intercorrências. No 2º dia de pós operatório foi realizada a ressecção tumoral com sucesso. A anestesia de emergência sempre nos traz desafios, pela complexidade dos casos e a falta de conhecimento prévio do estado patológico do paciente. Somam-se, ainda, a este caso as alterações fisiológicas da gestação, bem como a necessidade de controle da PPC e manutenção da oxigenação fetal.

Referência 1

Daniel Agustin Godoy, Chiara Robba, Wellingson Silva Paiva et al. Acute Intracranial Hypertension During Pregnancy: Special Considerations and Management Adjustments. Neurocrit Care (2022) 36:302–316.

Referência 2

A. Sampaio, G. Norte, M.J. Campos. Anaesthetic management of intracranial hypertension and pregnancy. A case report. Rev Esp Anestesiol Reanim. 2020;67(4):204---207.

Palavras Chave

hipertensão intracraniana; gravidez; Hidrocefalia

Área

Neurociência e Anestesia Neurocirúrgica

Fonte de financiamento

Recursos Próprios

Instituições

CET HOSPITAL MUNICIPAL SOUZA AGUIAR - Rio de Janeiro - Brasil

Autores

LUIZ GUSTAVO REIS MAIA , THAYSSA COSTA TEIXEIRA, FLAVIO ELIAS CALLIL, MARIA CLARA HISSA MONTEIRO, CECÍLIA DE OLIVEIRA CUDISCHEVITCH