Dados do Trabalho
Título
Fratura de Agulha durante Punção Subaracnóidea: Relato de Caso
Descrição
INTRODUÇÃO
A raquianestesia é uma das técnicas anestésicas mais empregadas no manejo cirúrgico de pacientes, promovendo analgesia e relaxamento muscular que proporcionam ótimas condições para uma ampla gama de procedimentos1. Agulhas de calibres menores têm sido utilizadas com maior frequência, visando reduzir a incidência de cefaleia pós-raquianestesia. No entanto, há registros de fraturas dessas agulhas mais finas, embora esses ainda sejam escassos. Com este relato, almeja-se apresentar a ocorrência desse evento2.
RELATO DE CASO
Paciente do sexo feminino, 45 anos, 1,62 m de altura, peso relatado de 90 kg, previamente hígida, com proposta cirúrgica de nefrolitotripsia percutânea em caráter eletivo. Após monitorização, procedeu-se à sedação com 5 mg de midazolam e 50 mcg de fentanil endovenosos. Subsequentemente, puncionou-se o espaço subaracnóideo ao nível de L3/L4, em uma tentativa por via paramediana, de forma atraumática, sem o uso de introdutor, com a agulha do tipo Quincke 27 Gauge, da marca Unisis®. Administraram-se 20 mg de bupivacaína hiperbárica associados a 80 mcg de morfina intratecal. Nenhuma resistência à injeção foi percebida. Entretanto, na retirada da agulha, constatou-se sua fratura (Figura 1). Acionou-se a equipe de neurocirurgia de plantão para averiguar o caso, e a paciente então foi submetida à exploração cirúrgica, com auxílio de radioscopia (Figura 1). Localizou-se o fragmento rompido em região paravertebral, sem evidências de resquícios no neuroeixo, e executou-se sua exérese. A paciente evoluiu sem intercorrências após o evento.
DISCUSSÃO
Ao analisar casos de fraturas de agulhas de punção subaracnóidea, é importante conhecer os fatores de risco associados a essa complicação. A obesidade aumenta a probabilidade de rompimento dessas agulhas, pois pode dificultar a palpação dos marcos anatômicos e acrescentar desafios à execução do ato.2 No presente relato, a paciente apresentava um Índice de Massa Corpórea de 34,7. Outro fator de risco é o diâmetro das agulhas. Agulhas do tipo Quincke 25G, por seu maior diâmetro, são mais resistentes, enquanto as 27G e 29G são mais suscetíveis a deformações1. Neste caso, acredita-se que o diâmetro reduzido da agulha 27G, associado à não utilização do introdutor, pode ter contribuído para o incidente ocorrido. Nota-se ainda a importância de se acionar precocemente a equipe de neurocirurgia, uma vez que a retirada precoce do corpo estranho é a conduta ideal para evitar futuras complicações2.
O presente estudo teve como objetivo analisar os possíveis fatores associados à fratura da agulha de raquianestesia, para que essa ocorrência, embora rara, se torne cada vez menos prevalente. Em caso de tal complicação, fica evidente a importância crucial da remoção precoce do fragmento.
Referência 1
Kaboré RAF, Traore IA, Traore SIS et al. Broken needle during spinal anesthesia: an avoidable complication. Local Reg Anesth. 2018 Nov 23;11:111-113.
Referência 2
Alsharif TH, Gronfula AG, Turkistani S et al. A Systemic Review of Spinal Needles Broken During Neuraxial Anesthesia. Cureus. 2023 Jun 11;15(6):e40241
Palavras Chave
anestesia regional; Complicações Perioperatórias
Área
Anestesia Regional
Fonte de financiamento
Recursos Próprios
Instituições
RESIDÊNCIA - HOSPITAL MUNICIPAL ODILON BEHRENS MG - Minas Gerais - Brasil
Autores
MARCO TÚLIO MOURA BASTOS, LUÍSA CATÃO ALVES RIBEIRO DE CASTRO, VITOR TURA ALEIXO VITARELLI, GABRIELA DE SOUSA OLIVEIRA, FERNANDO OLIVEIRA NUNES CAIXETA, LEONARDO SARAIVA GUIMARÃES DE OLIVEIRA