Dados do Trabalho
Título
Anafilaxia secundária a látex em contexto perioperatório: um relato de caso
Descrição
Introdução: A anafilaxia perioperatória corresponde a uma reação de hipersensibilidade imediata de importante risco à vida. Estima-se que a incidência varie de 1:353 a 1:18.600 procedimentos. Apesar de não ser comum, é potencialmente grave e apresenta mortalidade entre 1,4 a 6%. Os anestesistas devem estar preparados para diagnosticar e instituir tratamento adequado, a fim de minimizar a injúria cardiopulmonar (TACQUARD, 2023). Este trabalho objetiva fomentar a discussão sobre uma complicação anestésica rara, porém grave, visto que o diagnóstico e tratamento precoces melhoram o prognostico. Relato de caso: Paciente feminina, 60 anos, sem alergias conhecidas, foi submetida a mamoplastia reparadora. Após 1h30min de procedimento, apresentou hipotensão, taquicardia e rash cutâneo generalizado. Administrado adrenalina e hidrocortisona, retirada a sondagem vesical de demora, apresentou melhora do quadro. Encaminhada ao CTI estável hemodinamicamente. Foi extubada após 48h. Na alta, foi encaminhada ao ambulatório de alergologia e diagnosticada com alergia a látex. Discussão: O quadro de anafilaxia perioperatória pode ser de difícil diagnóstico devido fatores confundidores durante a anestesia além do envolvimento de diferentes mecanismos fisiopatológicos. A presença do alérgeno no organismo desencadeia a ativação celular, principalmente de mastócitos e basófilos, culminando na liberação de mediadores inflamatórios, responsáveis por alterações sistêmicas agudas. A tabela 1 mostra os principais sinais e sintomas e a tabela 2 apresenta a classificação quanto à gravidade. O tratamento envolve medidas gerais e específicas. Deve-se excluir o agente suspeito, manter vias aéreas pérvias e oxigenação de O2 a 100%, e comunicar a equipe. Grau I: avaliar progressão. Grau II: adrenalina IV 10-20mcg. Grau III: adrenalina IV 100-200mcg. Grau IV: realizar protocolo de RCP e administrar adrenalina IV 1g. Se necessário, repetir a dose de adrenalina em 2 minutos. Realizar fluidoterapia com 20mg/kg de cristaloide IV, podendo ser repetida. No caso de anafilaxia refratária, considerar uso de noradrenalina (0,05-1 mcg/kg/min), glucagon (5-15mcg/min), vasopressina (bolus de 2-10 ui ou 2ui/h). Para tratar broncoespasmo, considerar o uso de salbutamol, broncodilatadores IV, cetamina e agentes voláteis. Considerar o uso de dexametasona 0,1-0,4 mg/kg e hidrocortisona 2-4mg/kg, visto que são benéficos ao tratamento de quadros alérgicos. Após alta hospitalar, se faz necessária a participação do alergologista para investigação causal. O anestesista deve encaminhar o paciente e detalhar o ocorrido (TACQUARD, 2023). Conclusão: A tecnologia tem possibilitado práticas cada vez mais seguras e o conhecimento das mais variadas complicações se fazem imprescindíveis ao refinamento da prática anestésica. Nos casos confirmados de alergia à látex, futuros procedimentos deverão ser marcados como os primeiros do dia, em ambiente cirúrgico sem látex (SPINDOLA, 2020).
Referência 1
Tacquard C, Iba T, Levy JH. Perioperative anaphylaxis. Anesthesiology, 2023;138:100-110. https://doi.org/10.1097/ALN.0000000000004419. Disponível em: https://pubs.asahq.org/anesthesiology/article/138/1/100/137336/Perioperative-Anaphylaxis
Referência 2
Spindola MAC, Solé D, Aun MV et al. Atualização sobre reações de hipersensibilidade perioperatória: documento conjunto da Sociedade Brasileira de Anestesiologia (SBA) e Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI)–Parte I: tratamento e orientação pós-crise. Rev Bras Anestesiol. 2020;70(5):534-548. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rba/a/GvhpWZDtc5pcqMKqtp3YcHh/?lang=pt&format=pdf
Palavras Chave
anestesiologia; alergia; anafilaxia
Área
Medicina Perioperatória
Fonte de financiamento
Recursos Próprios
Instituições
RESIDÊNCIA - HOSPITAL DA FORÇA AÉREA DO GALEÃO RJ - Rio de Janeiro - Brasil
Autores
NAYARA PAULO CASTRO GOUVEA, KARINA GOMES MARTINS, LUCAS MACHADO DA ROCHA TARLE, PEDRO EL HADJ DE MIRANDA, ARIANE MARTINS CAMPOS DE LANA