Dados do Trabalho


Título

USO CLÍNICO DO SEVOFLURANO COMO ESTRATÉGIA DE CONTROLE DO BRONCOESPASMO REFRATÁRIO: RELATO DE CASO

Descrição

Introdução
O broncoespasmo severo é uma das principais causas de admissão em UTIs pediátricas, associado a grande morbimortalidade, sobretudo gerando intubação e ventilação mecânica. Tratamentos para crises envolvem uso de broncodilatadores beta-2 agonistas, corticosteroides, sulfato de magnésio e adrenalina. O uso de anestésicos como propofol e cetamina é raro. Agentes voláteis, como o sevoflurano, são alternativas de tratamento do broncoespasmo severo devido ao seu potente efeito broncodilatador com mínima depressão cardíaca, além de favorecer o acoplamento à ventilação mecânica por sua propriedade anestésica.
Relato de caso
Paciente masculino, 10 anos, portador de asma e deficiência de G6PD, admitido em unidade hospitalar com tosse seca, náuseas e taquidispneia há 2 semanas, em progressiva piora e SpO2 em 90% à admissão com uso de acebrofilina. Encaminhado à UTI, manteve-se instável e em piora, com SpO2 em 92% mesmo em O2 suplementar sob máscara de Venturi 50%. Apresentou desconforto respiratório (tiragem subcostal, ausculta com roncos, creptos e sibilos), realizada terapia inalatória com adrenalina e sulfato de magnésio endovenoso, sem resposta. Realizada intubação orotraqueal para ventilação mecânica, sem melhora dos parâmetros ventilatórios, a despeito de pronação, uso de adrenalina e terbutalina e de sedação com cetamina. Ausculta respiratória indicativa de broncoespasmo, iniciada metilprednisolona, sem melhora. Acionada equipe de anestesia, a qual envia anestesiologista para avaliar uso de sevoflurano. Este se dirige com workstation de anestesia à UTI e oferta inalatório a 3%, controlando broncoespasmo e mantendo quadro leve. Após isolamento de agente em secreção orotraqueal (Burkholderia cepacia), seguiu-se com tratamento clínico (Ceftazidima) e aminofilina, com resolução do quadro e extubação após uma semana.
Discussão
O uso de sevoflurano fora do ambiente cirúrgico aumenta à medida que seu perfil de segurança e indicações clínicas são conhecidos. Obstáculos para seu uso envolvem fatores clínicos (depressão cardiovascular), ambientais (poluição e toxicidade), logísticos (demanda de dispositivos específicos) e experiência clínica limitada. A maioria dos dados sobre o uso do sevoflurano em pediatria estão relacionados à anestesia geral, embora existam estudos que sugiram segurança em sedações prolongadas em UTI, com baixa incidência de nefrotoxicidade ou disfunções psicomotoras e frequente hipotensão arterial. O surgimento de novos dispositivos de administração de anestésicos voláteis em UTI pode favorecer o uso como alternativa terapêutica em broncoespasmo grave.

Referência 1

PALACIOS, Alba et al. Sevoflurane therapy for severe refractory bronchospasm in children. Pediatric Critical Care Medicine, v. 17, n. 8, p. e380-e384, 2016.

Referência 2

PAVCNIK, Maja et al. Sevoflurane sedation for weaning from mechanical ventilation in pediatric intensive care unit. Minerva Anestesiologica, v. 85, n. 9, p. 951-961, 2019.

Palavras Chave

broncoespamo; Sevoflurano; insuficiencia respiratória

Área

Anestesia Pediátrica

Fonte de financiamento

Recursos Próprios

Instituições

CET DO ANESTLIFE - HOSPITAL SÃO DOMINGOS - Maranhão - Brasil

Autores

GABRIEL LIMA JUREMA, CYRO FRANKLIN CONCEIÇÃO VIEIRA, JOSÉ ESTEVAM RIBEIRO JUNIOR, DENER ALVES CORDEIRO, GUILHERME BURGOS SOUSA, REINALDO MOREIRA LEITE DA SILVA FILHO