Dados do Trabalho

Título

Implementação de Programa de Melhoria de Qualidade Assistencial aos Pacientes Cirúrgicos de Alto Risco Cirúrgico operados em um Hospital Universitário do Sul do Brasil

Descrição

Os pacientes de alto risco cirúrgico são em geral idosos submetidos a cirurgias maiores ou de urgência e que apresentam várias comorbidades. A comunicação do risco e a intensificação dos cuidados são medidas sustentáveis e de baixo custo que podem impactar na otimização da jornada cirúrgica dos pacientes mais vulneráveis. A linha de assistência Cuidados Estendidos ao Paciente Cirúrgico de Alto Risco foi desenvolvida para intensificar os cuidados aos pacientes de alto risco alocados em enfermaria no pós-operatório, sendo testada em 2019 (1) e sua aplicação associada à redução de mortalidade no pós-operatório. Objetivo: descrever as etapas e desafios da reimplementação dessa linha de assistência após a pandemia em um hospital universitário. Métodos: Estudo de implementação com Adoção do Modelo de Melhoria para promover a adoção do pacote de cuidados para pacientes cirúrgicos de alto risco. O pacote foi desenvolvido pelo Serviço de Anestesia e Medicina Perioperatória e adotado como estratégia institucional e consiste de: 1. Implementação da estratificação de risco pelo modelo Ex-care (2) dos pacientes submetidos a cirurgias no bloco cirúrgico. 2. Comunicação e check-list diferenciado de alta da Unidade de recuperação pós-anestésica para os pacientes de alto risco (>5% de probabilidade de morte); 3. Admissão da Enfermagem na enfermaria dentro de 1h após alta da URPA. 4. Adoção de Sinais Vitais de 3/3 horas para os pacientes de alto risco; 5. Intensificação dos cuidados pelas equipes assistentes no pós-operatório com visita pelo anestesista e por equipe clínica. A etapa de treinamento com equipes para a adoção do pacote de melhorias está em andamento. Informatização da informação do risco e seguimento com equipes clínicas para os pacientes de alto risco foram implementadas. Indicadores de processo foram instituídos para identificar adoção de cada item do pacote entre janeiro e junho de 2024. Resultados: 4699 cirurgias foram realizadas entre janeiro e junho de 2024, sendo 269 (5,7%) em pacientes de alto risco. A mortalidade entre os pacientes de baixo risco foi 1%, risco intermediário foi de 4,5%, alto risco foi 9,9% e muito alto risco foi 18,8%. Os indicadores mostraram que a adoção da classificação do risco foi realizada em 100% dos casos, entretanto os demais indicadores como evolução na alta da URPA, admissão na enfermaria em menos de 1h e prescrição dos Sinais Vitais de 3/3h foram realizados em menos de 50% dos pacientes de alto risco. Conclusão: A mortalidade entre os pacientes de alto risco está em níveis superiores à implementação do programa de melhoria em 2019. Apesar de melhorias na informação do risco, a adesão das diferentes etapas do pacote está baixa, fato esperado na adoção de intervenções complexas. Treinamento contínuo e apoio da alta gestão da instituição são necessários e urgentes para mudança da forma de cuidado dos pacientes cirúrgicos.

Referência 1

Adriene Stahlschmidt, Sávio Cavalcante Passos, Guilherme Roloff Cardoso, et al.
Postoperative intensive care allocation and mortality in high-risk surgical patients: evidence from a low- and middle-income country cohort, Brazilian Journal of Anesthesiology (English Edition), Volume 74, Issue 4, 2024, 844517

Referência 2

Passos SC, de Jezus Castro SM, Stahlschmidt A, et al. Development and validation of the Ex-Care BR model: a multicentre initiative for identifying Brazilian surgical patients at risk of 30-day in-hospital mortality. Br J Anaesth. 2024 Jul;133(1):125-134. doi: 10.1016/j.bja.2024.04.001.

Palavras Chave

melhoria de qualidade; Cuidados Perioperatórios