Dados do Trabalho
Título
Hemorragia no pós-operatório da adenoidectomia: uma revisão narrativa.
Descrição
JUSTIFICATIVA: A adenoidectomia é uma das cirurgias mais realizadas na otorrinolaringologia. Com o avanço das técnicas operatórias e de monitorização, tornou-se um procedimento amplamente executado, de relativa simplicidade. No entanto, embora possua tais características, não é um procedimento isento de complicações, sendo a hemorragia pós-operatória uma das principais e mais graves, podendo ser fatal caso não seja manejada corretamente. Tal intercorrência geralmente ocorre nas primeiras 24 horas, podendo suceder até 6 dias após. Na vigência desta complicação, normalmente é necessário o retorno ao bloco cirúrgico para a revisão cirúrgica sob anestesia geral. Portanto, haja vista a frequência com que essa cirurgia é realizada e a gravidade de suas complicações, é de suma importância que o anestesista domine o manejo adequado, a fim de evitar desfechos negativos. OBJETIVO: Esclarecer as condutas a serem adotadas pelo anestesista no perioperatório de adenoidectomia. METODOLOGIA: Trata-se de uma revisão narrativa, de caráter amplo, que busca sintetizar os conhecimentos acerca do tema, tendo como base a literatura científica existente. Para isso, buscou-se na base de dados PubMed, os descritores “Adenoidectomy and anesthesia", abrangendo os anos entre 2000 e 2024. Foram encontrados 536 artigos, sendo excluídos os que não possuíam texto completo, trabalhos duplicados e os que não estavam relacionados diretamente com o tema. RESULTADO: A primeira medida para a detecção precoce do risco de hemorragia pós-adenoidectomia é a coleta de dados, durante a consulta pré-anestésica, sobre possíveis intercorrências em procedimentos passados, história pessoal ou familiar de coagulopatias. Em caso desses relatos positivos, deve ser solicitado coagulograma. Para pacientes com baixo risco de coagulopatia, essa solicitação não se mostrou muito sensível, visto que foram descritos na literatura episódios de hemorragia pós-adenoidectomia em pacientes com coagulograma sem alterações. É importante que, dentro das primeiras 8 horas após o procedimento, o paciente seja observado rigorosamente, pois esse é o período de maior risco de sangramentos. Nas situações em que a hemorragia pós-operatória já foi desencadeada, caso o paciente retorne ao bloco cirúrgico, o anestesista deve, diante de qualquer sinal de hipovolemia, iniciar a reposição antes do início da anestesia geral. Além disso, deve-se realizar a sequência rápida de intubação e posicionar o paciente em cefalodeclive, a fim de evitar a obstrução de vias aéreas pelo sangue. CONCLUSÃO: A hemorragia pós-adenoidectomia é uma complicação recorrente e grave. Por isso, é essencial que o anestesista atente-se quanto ao risco de coagulopatia, procure sinais de possível hipovolemia e obstrução de vias aéreas, com o intuito de detectar o risco de hemorragia ou o seu início de forma precoce e, caso seja necessária a revisão da cirurgia, que sejam adotadas medidas para reduzir a probabilidade de um desfecho fatal.
Referência 1
Ferreira MA, Nakashima ER. Anestesia em Cirurgia Otorrinolaringológica. Rev. Bras. Anestesiol. 2000; 50: 167-177
Palavras Chave
adenoidectomia; hemorragia pós cirurgica
Área
Anestesia de cabeça, pescoço, otorrinolaringológica e oftalmológica
Fonte de financiamento
Recursos Próprios
Instituições
Universidade Federal de Juiz de Fora - Minas Gerais - Brasil
Autores
PALOMA DORNAS DE CASTRO, AMANDA OLIVEIRA ANDRADE, CARINA DANTAS RUIZ MAGALHÃES