Dados do Trabalho
Título
Papel da Ecocardiografia Transesofágica na Repercussão de Lesão Iatrogênica de Veia Cava Inferior Intra-Hepática: um relato de caso
Descrição
INTRODUÇÃO: A obstrução aguda de veia cava inferior (VCI) é um evento raro com complicações operatórias graves. Assim, a ecocardiografia transesofágica (ETE) ganha protagonismo como instrumento de monitoramento e diagnóstico intra operatório. Esse trabalho ilustra um caso no qual a ETE foi fundamental no entendimento do quadro hemodinâmico e avaliação de reparo cirúrgico de lesão iatrogênica de VCI. RELATO DE CASO: Feminina, 63 anos, ASA II, colecistectomia aberta prévia. Queixa álgica em hipocôndrio direito e marcadores hepáticos alterados, diagnóstico de litíase extra-hepática e atrofia de lobo esquerdo conforme colangioressonância. Indicação de hepatectomia parcial. Paciente chega em bom estado geral, hemodinamicamente estável. Optado por anestesia geral combinada com peridural. Múltiplas aderências inflamatórias em hilo hepático, fusão de colédoco e veia cava retrohepática/justa hilar. Ressecção resultou em lesão iatrogênica e necessidade de reparo da face posterior de VCI e ligadura com ramo adrenal venoso direito. Ecocardiografia transesofágica intraoperatória mostrou uma redução dos componentes pulsáteis de fluxo da VCI em local de cavoplastia, compatível com estenose e restrição da chegada de sangue venoso ao átrio direito. Suspensão do procedimento e realização de coledocotomia com dreno de Kehr. Iniciado vasoativos. Paciente encaminhada a UTI, local de óbito após cinco horas. DISCUSSÃO: Preconizado pela Sociedade Brasileira de Anestesiologia e Cardiologia, a utilização da ETE está indicada para casos com instabilidade hemodinâmica intraoperatória e em cirurgias de grande porte com comprometimento cardiovascular. No caso, observa-se uma turbulência no local anastomótico(figura 1) e um diâmetro reduzido com colapso proeminente de VCI que em sua porção hepática deveria ter três componentes: onda S de fluxo na sístole, onda D durante a primeira parte da diástole e a onda A de fluxo reverso pela contração atrial. O que se nota, todavia, é um fluxo contínuo e anormal, sem pulsatilidade (figura 2) compatível com estenose venosa que impede o fluxo venoso chegar até as câmaras cardíacas. Essa baixa pré carga tem em seu diagnóstico diferencial um volume intravascular inadequado porém medidas de ressuscitação volêmica já tinham sido instauradas e a área diastólica final mantinha-se reduzida sem comprometimento cardíaco direto (figura 3). Acidose refratária e coagulopatia também foram documentadas, favorecendo a hipótese de congestão hepática por estenose de VCI em justa posição com veia hepática. Ainda que no caso a detecção precoce não reduziu a mortalidade pós operatória por se tratar de lesão iatrogênica, o diagnóstico precoce da estenose da VCI promovido pela ETE intraoperatória e a intervenção imediata parecem melhorar, conforme a literatura, a morbimortalidade pós-operatória ao reduzir a falência sistêmica progressiva, se tornando um estímulo para que seja rotina por parte do anestesiologista a avaliação de reparo de grandes vasos.
Referência 1
AUBUCHON, J. Maynard, E. Lakshminarasimhachar, A et al. Intraoperative transesophageal echocardiography reveals thrombotic stenosis of inferior vena cava during orthotopic liver transplantation. Liver Transplantation. 2013. 19: 232–234
Referência 2
CYWINSKI, J. B.; O’HARA, J. F. J. Transesophageal Echocardiography to Redirect the Intraoperative Surgical Approach for Vena Cava Tumor Resection. Anesthesia & Analgesia.2009. 109: 1413
Palavras Chave
Ecocardiograma Transesofágico; Estenose; Veia Cava Inferior
Área
Sistemas Gastrointestinais e Hepáticos
Fonte de financiamento
Instituição de Origem
Instituições
Hospital São José Criciúma - Santa Catarina - Brasil
Autores
AMANDA DAL PONTE, CELSO GRIMM JUNIOR, ERIC BENEDET LINEBURGER, MARIANA DORNELLES FRASSETTO, ISABELLA SALZANO MARCHESE, JÚLIA FERRAZ