Dados do Trabalho


Título

MANEJO ANESTÉSICO DE PACIENTE PORTADORA DE OSTEOGÊNESE IMPERFEITA SUBMETIDA A DRENAGEM DE HEMATOMA EPIDURAL: RELATO DE CASO.

Descrição

INTRODUÇÃO
A osteogênese imperfeita (OI) é uma doença hereditária do tecido conjuntivo que causa fragilidade óssea por alterações na síntese do colágeno. Tem incidência estimada de 1:20.000 nascimentos e leva à significativa morbimortalidade nos afetados. O espectro clínico é muito variável e torna o paciente mais susceptível à abordagens cirúrgicas, sendo um desafio para o manejo anestésico. Há múltiplas considerações ao abordar estes paciente, a principal sendo a suspeita da existência de relação direta de causalidade desconhecida entre OI e hipertermia maligna (HM), mas também a previsão de via aérea difícil, dificuldade de ventilação, risco de fratura cervical na intubação, possíveis defeitos estruturais cardíacos, torácicos, vertebrais, pulmonares e até hematológicos.

OBJETIVO
Alertar as equipes de Anestesiologia sobre a existência e características da OI, que necessita de engajamento multidisciplinar e cuidadoso para obtenção do sucesso terapêutico.

RELATO DE CASO
Paciente do sexo feminino, 10 anos, 22kg, história pregressa de asma e OI, admitida após queda da própria altura onde sofreu traumatismo craniano, fraturas de úmero esquerdo, fêmur direito e cervicais(C2 e C4), avaliadas como estáveis. Observou-se surgimento de hematoma epidural, com indicação de drenagem cirúrgica. A paciente foi admitida ao centro cirúrgico consciente e estável, sendo realizada anestesia geral balanceada com obtenção de acesso venoso central, monitorização de pressão intra-arterial e sondagem vesical.
Ocorrido o procedimento sem anormalidades, foi retirada a sedação e realizada extubação. Devido à queda hematimétrica e perda sanguínea estimada, optou-se pela transfusão de concentrado de hemácias.
A paciente foi encaminhada ao Centro de Terapia Intensiva acordada e estável, acompanhada pela família. Evoluiu de forma positiva e sem déficits neurológicos. As fraturas foram abordadas de forma conservadora. Obteve alta hospitalar no 11º día de pós-operatório, com proposta de seguimento ambulatorial.

DISCUSSÃO
No manejo do paciente com OI o papel do anestesista é crucial, não só durante abordagens cirúrgicas, mas no cuidado estendido onde oferece conhecimentos únicos para posicionamento corporal adequado, manejo álgico otimizado, proteção pulmonar e prevenção de infecções hospitalares. O manejo anestésico destes pacientes requer planejamento mesmo na urgência devido ao risco de complicações respiratórias e risco de fraturas ósseas durante os procedimentos terapêuticos.
Infelizmente, a baixa incidência da doença leva à escassez de relatos perioperatórios na literatura.

CONCLUSÃO
Conhecer diferentes patologias e suas peculiaridades fazem parte do correto manejo terapêutico e aumentam sua eficácia. Apesar da OI ser uma condição rara, conhecer seus desafios é crucial e justifica a necessidade de sua discussão e divulgação.

Referência 1

Marini J C, Cabral W A. Osteogenesis Imperfecta - Chapter 23. In: Thakker R V et al. Genetics of Bone Biology and Skeletal Disease. 2 ed. Elsevier, 2018;397-420.

Referência 2

Erdogan et. al.– Conduta Anestésica em Criança com Osteogênese Imperfeita e Hemorragia Epidural – Rev. Bras. Anestesiol. 63 (4) • Ago 2013

Palavras Chave

Anestesia Balanceada; Anestesia pediátrica; Osteogênese Imperfeita

Área

Anestesia Pediátrica

Fonte de financiamento

Instituição de Origem

Instituições

RESIDÊNCIA - HOSPITAL BELO HORIZONTE (GESTHO GESTÃO HOSPITALAR SA) - Minas Gerais - Brasil

Autores

CAROLINE CARVALHO MAGESTE, VINÍCIUS CLÁUDIO DE LIMA MOREIRA, SYLVIA LOURES VALE PUJATTI