Dados do Trabalho


Título

Uso de Broncofibroscópio em Cenário de Trauma Raquimedular: Relato de Caso

Descrição

INTRODUÇÃO: O trauma raquimedular (TRM) é uma injúria resultante da transferência da energia cinética para as vértebras e a medula espinhal, muitas vezes ocasionando incapacidade grave e permanente. Nesta temática, o manuseio da via aérea pelos anestesiologistas, em cirurgias envolvendo este tipo de paciente, é singular, e pode ser necessário o uso de via aérea avançada, como a broncofibroscopia (BF).
RELATO DE CASO: Sexo masculino, vítima de acidente automobilístico de alta cinética, automóvel X anteparo fixo é trazido pelo SAMU em uso de colar cervical e prancha rígida, com estabilização inicial em serviço de urgência e constatação de TRM cervical com fratura instável das vértebras C4 e C5, gerando compressão medular. Após avaliação da Neurocirurgia, indicada descompressão da medula sob anestesia geral. Devido à instabilidade da coluna cervical e ao posicionamento do colar, o acesso tradicional à via aérea demonstrou-se dificultado, sendo elegida a técnica de IOT via BF acordado, após o paciente concordar com a realização do procedimento sem sedação, para adequada proteção de via aérea. Assim, foi realizada topicalização com Lidocaína 2% spray em via aérea e anestesia transcricóidea com 30mg de Lidocaína. A seguir, inserção de BF pela cavidade oral, dando acesso à traqueia e passagem de tubo orotraqueal, com conferência do posicionamento do tubo, checagem pela capnografia e finalmente indução anestésica. Procedimento bem tolerado pelo paciente, sem intercorrências, mantendo proteção de via aérea e coluna cervical sem mobilização, de maneira a evitar agravamento da lesão.
DISCUSSÃO: O acesso à via aérea do paciente com trauma raquimedular é uma condição que pode tornar-se um desafio para o Anestesiologista. O uso do colar cervical no atendimento de urgência, assim como o impedimento à extensão do pescoço em pacientes que necessitem de intervenção cirúrgica em cenário de TRM, dificultam a intubação orotraqueal (IOT) por laringoscopia direta. Neste contexto, podem ser necessários outros equipamentos para garantia de via aérea definitiva, como o videolaringoscópio e aBF, sendo de fundamental importância que o Anestesiologista domine a via aérea avançada.
CONCLUSÃO: O manejo da via aérea em pacientes vítimas de TRM pode apresentar inúmeros entraves, que podem ser superados com o uso de via aérea avançada, como a broncofibroscopia. O presente relato de caso endossa a utilidade deste aparelho nos cenários de trauma envolvendo a medula.

Referência 1

1) Deng, Hansen, et al. Critical care for concomitant severe traumatic brain injury and acute spinal cord injury in the polytrauma patient: illustrative case. J Neurosurg Case Lessons. 2022;10:2152.

Referência 2

2) Guimbard-Pérez, JH, et al. Efficacy of early versus delayed spinal cord decompression in neurological recovery after traumatic spinal cord injury: Systematic review and meta-analysis. Rev Esp Cir Ortop Traumatol. 2023:88-95.

Palavras Chave

vIA AEREA; intubação orotraqueal acordado; trauma raquimedular cervical

Área

Gerenciamento de vias aéreas

Fonte de financiamento

Recursos Próprios

Instituições

RESIDÊNCIA - HOSPITAL MUNICIPAL ODILON BEHRENS MG - Minas Gerais - Brasil

Autores

VITOR TURRA ALEIXO VITARELLI, JESSÉ GOMES BARBOSA, FERNANDO OLIVEIRA NUNES CAIXETA, GABRIELA DE SOUSA OLIVEIRA, MARCO TÚLIO MOURA BASTOS