Dados do Trabalho
Título
Choque anafilático e manejo anestésico em cirurgia de prostatectomia radical: relato de caso
Descrição
Introdução: O choque anafilático no perioperatório apresenta ocorrência rara porém pode cursar com alta mortalidade, variando entre 3 a 9%. Os principais agentes etiológicos descritos são bloqueadores neuromusculares, látex e antibióticos. Pode ocorrer minutos após a indução endovenosa como também na manutenção anestésica ou em sala de recuperação pós anestésica. Relato de caso: Paciente 68 anos, 87 kg, admitido para cirurgia de prostatectomia radical em caráter eletivo. Apresentava hiperplasia prostática benigna, em uso de Combodart, negou alergias prévias e realizou hernioplastia inguinal previamente sem relato de intercorrências. Realizado raquianestesia com 5 mg de bupivacaína hiperbárica, 100 mcg de morfina associado com anestesia geral balanceada com 200 mcg de fentanil, 160 mg de propofol e 50 mg de rocurônio, mantida com sevoflurano. Medicações administradas: 2 g de ceftriaxona, 2g de dipirona, 8 mg ondansetrona, 10 mg de dexametasona, 40 mg parecoxibe e 40 mg de omeprazol. Próximo ao final da cirurgia, paciente passou apresentar taquicardia (FC: 140 bpm), hipotensão refratária a vasopressores (efedrina e metaraminol) e rash cutâneo em tronco e membros superiores. Assim, realizado 100 mg de hidrocortisona, adrenalina em bolus 200 mcg EV. Puncionados pressão arterial invasiva em artéria radial esquerda e acesso venoso central em veia jugular interna esquerda. Iniciado infusão contínua em doses crescentes de Adrenalina 0,1-0,6 mcg/kg/min e vasopressina 0,02 UI/min. Coletada gasometria arterial com o seguinte resultado: Ph 7,15; PCO2 51; PO2 154; HCO3 15,6; lactato 5,2 mmol/L. Devido resultado da gasometria e distúrbio hemodinâmico grave, optado por reposição de bicarbonato 1 mEq/kg e ajuste ventilatório para correção de pCO2. Ao término, paciente foi encaminhado para Unidade de Terapia Intensiva (UTI) sob ventilação mecânica. No 1° dia pós operatório (DPO), com a resolução do choque anafilático, evidência laboratorial de queda seriada de hemoglobina (11,4 para 9,5) e sonda vesical demonstrando hematúria importante, foi optado pelo intensivista a troca da infusão continua de adrenalina por noradrenalina e rebordagem do paciente pela urologia por possível sangramento. Realizado laparotomia exploradora na qual evidenciou-se ruptura extraperitoneal da bexiga. No intraoperatório, houve a manutenção da noradrenalina 0,7-1,3 mcg/kg/min e vasopressina 0,02 UI/min e transfusão sanguínea com 01 concentrado de hemácias. Teve alta hospitalar no 15º DPO, sem outras intercorrências. Discussão: Os pilares do tratamento do choque anafilático são: o reconhecimento precoce, adrenalina, reposição volêmica avaliando a necessidade do uso de drogas vasoativas. O diagnóstico é baseado em sinais clínicos e apesar de existirem alguns exames complementares como dosagem de triptase, IgE e níveis de histamina, todavia, não são específicos. Testes alérgicos cutâneos a fim de identificar o agente causal podem ser realizados após o mês da ocorrência da anafilaxia.
Referência 1
Spindola MAC, Solé D, Aun MV et al. Atualização sobre reações de hipersensibilidade perioperatória: documento conjunto da Sociedade
Brasileira de Anestesiologia (SBA) e Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI) - Parte I:tratamento e orientação pós-crise. Rev Bras Anestesiol. 2020; 70 (5): 534-548.
Referência 2
Valencia MIB. Anafilaxia perioperatória. Rev Bras Anestesiol. 2015; 65 (4): 292-297.
Palavras Chave
anafilaxia; Período perioperatório; Choque
Área
Cuidados Intensivos e Doenças Infecciosas
Fonte de financiamento
Recursos Próprios
Instituições
CET INTEGRADO HRAN-HRT-ISMEP - Distrito Federal - Brasil
Autores
LUCAS BASTOS ARANHA ALVES, JULIANA MARIA DOS SANTOS CARDOSO, ANA PAULA ROCHA CRONEMBERGER , FELIPE DE OLIVEIRA BARBOSA, MANUELA MENDES ANDRAOS, SÉRGIO AUGUSTO DE SOUZA CAVALCANTE