Dados do Trabalho
Título
Remimazolam em anestesia pediátrica: revisão sistemática da literatura atual e tendências
Descrição
Justificativa e objetivos: O remimazolam é um benzodiazepínico de ação ultrarrápida recentemente desenvolvido. Ainda em processo de aprovação no Brasil, seu uso já é permitido para sedação e anestesia geral no Japão, Estados Unidos e Europa, e estudos demonstram adequada eficácia, melhor estabilidade hemodinâmica e rápida recuperação pós-operatória. No entanto, grande parte dos estudos destina-se a pacientes adultos e idosos, e dados em pacientes pediátricos ainda são escassos. A presente revisão busca sintetizar e avaliar o papel do remimazolam no contexto pediátrico. Método: Estudo prospectivamente registrado na OSF e conforme guidelines PRISMA. Realizada revisão sistemática nas bases MEDLINE, Embase e Web Of Science com os descritores (remimazolam) e (neonate* OR newborn* OR pediatric* OR paediatric* OR infant* OR child*), incluindo ensaios clínicos randomizados (ECRs), coortes, relatos de casos e revisões. Resultados: Inicialmente, 197 artigos foram obtidos. Após triagem final, 30 estudos atendiam os critérios de inclusão (Fig. A), sendo 10 (33%) revisões da literatura, nove (30%) relatos de casos, seis (20%) ECRs, e cinco (16.7%) coortes (Fig. B). Em todos os estudos, o uso era off-label e a maioria foi conduzida no Japão, primeiro país a aprovar a droga. Todas as revisões incluídas eram qualitativas e sem meta-análises. Três relatos de caso realizaram somente sedação, e seis aplicaram anestesia geral. Grande parte dos relatos incluíam pacientes com patologias raras (deficiências enzimáticas, sobretudo), sem nenhum efeito adverso reportado. Dentre as coortes, quatro utilizaram remimazolam para sedação e um para anestesia geral, também com eficácia comparável a demais agentes. Já entre ECRs, três eram em anestesia geral, dois em sedação e um em pré-medicação. Dois estudos aplicaram remimazolam pela via intranasal, e somente dois destinaram-se a análises de dose e farmacodinâmica. Entre todos os estudos incluídos, as drogas mais associadas e/ou comparadas ao remimazolam foram propofol e dexmedetomidina. De maneira geral, os estudos convergiram em eficácia comparável dos procedimentos com remimazolam, mas com recuperação pós-operatória mais rápida, sobretudo comparado ao propofol. Destacam-se divergências quanto à estabilidade hemodinâmica, apesar de estudos em populações adultas/idosas concordar em redução de episódios hipotensivos com o remimazolam. Apenas um ECR avaliou delirium pós-operatório, com redução da incidência com o uso de remimazolam. Conclusões: A evidência acerca do remimazolam em anestesia/sedação pediátrica ainda é escarsa, apesar de crescente. Ao contrário de outras populações, seu uso em pediatria carece de embasamento, dada a reduzida proporção de ECRs. Apesar de relativa semelhança em termos de eficácia, são necessários mais estudos que avaliem parâmetros hemodinâmicos, posologia e efeitos adversos para melhor aplicabilidade clínica.
Referência 1
Hirano T, Kimoto Y, Kuratani N et al. Remimazolam for pediatric procedural sedation: results of an institutional pilot program. J Clin Med. 2023;12:5937.
Referência 2
Kuklin V, Hansen TG. Remimazolam for sedation and anesthesia in children: a scoping review. Acta Anaesthesiol Scand. 2024;68:862-870.
Link para o registro de estudo
https://osf.io/fte62
Palavras Chave
anestesiologia; Pediatria; Remimazolam
Área
Anestesia Pediátrica
Fonte de financiamento
Recursos Próprios
Instituições
FACULDADE CIÊNCIAS MÉDICAS DE MINAS GERAIS - FCMMG - Minas Gerais - Brasil
Autores
PAULA CAROLINA CAETANO FERREIRA, MURILO FREIRE BENJAMIN, DANIELLA FLÁVIA ALVARENGA GONÇALVES, VICTOR FERNANDES MAIA BENJAMIN