Dados do Trabalho
Título
Relato de caso: Abordagem de infarto agudo do miocárdio com parada cardiorrespiratória no pós-operatório imediato de revascularização de membro inferior
Descrição
INTRODUÇÃO: Prevenir complicações cardiovasculares maiores são um desafio na
estratificação de risco pré-operatório. A doença vascular periférica pode estar associada à
doença coronariana e a intervenção coronariana prévia possui pouco efeito na prevenção
de infarto agudo do miocárdio (IAM) perioperatório. A avaliação cardiovascular
pré-operatória frequentemente é incapaz de predizer o risco de complicação cardiovascular.
RELATO DE CASO: Paciente masculino, 67 anos, com diabetes mellitus tipo 2 e
hipertensão arterial sistêmica; tabagista e etilista, com baixa capacidade funcional. Histórico
de revascularização de membro inferior direito há 4 anos e internação recente por doença
pulmonar obstrutiva crônica complicada. Admitido para revascularização de membro inferior
esquerdo devido a isquemia crítica, com necrose de antepé. Na avaliação pré-anestésica,
classificado como ASA III, na cardiológica, estratificado com baixo risco cardiovascular e a
cirurgia como de porte intermediário. O procedimento foi realizado sob anestesia geral
balanceada e monitorização hemodinâmica (cardioscopia, pressão arterial invasiva e
pressão venosa central) e transcorreu sem intercorrências ao longo de 8 horas. Após o
procedimento, ainda na sala cirúrgica, apresentou bloqueio atrioventricular 2:1, com
instabilidade hemodinâmica, revertido com atropina. Em seguida, evoluiu com
supradesnivelamento do segmento ST ≥ 2 mm em D2, D3 e aVF. Realizado
eletrocardiograma de 12 derivações, chamado ajuda e acionado hemodinâmica. Durante o
preparo para transporte, apresentou parada cardiorrespiratória (PCR) em fibrilação
ventricular (FV). Iniciado reanimação cardiopulmonar conforme Advanced Cardiovascular
Life Support, que incluiu 20 choques, massagem cardíaca externa monitorada por
capnografia e administração de adrenalina, amiodarona, bicarbonato de sódio e lidocaína.
Após 1 hora e 30 minutos, foi possível o transporte. Na hemodinâmica, apresentou mais 2
episódios de FV, prontamente revertidos. O cateterismo identificou oclusão em terço
proximal da coronária direita, tratada com angioplastia primária, e lesões graves em artérias
descendentes anterior e circunflexa. Encaminhado à Terapia Intensiva em uso de
dobutamina, noradrenalina em altas doses e amiodarona. Evolução favorável com melhora
do choque cardiogênico; extubado no 8º dia pós-operatório. DISCUSSÃO: A incidência
estimada de eventos adversos em anestesia é de 3%-16%, com mortalidade entre
58,4%-70%. A PCR, embora rara, é um dos cenários mais desafiadores para o anestesista.
O reconhecimento de pacientes de risco, a vigilância ativa e as intervenções precoces
apropriadas são cruciais para reduzir a morbimortalidade. A classificação de baixo risco
cardiovascular não excluiu a possibilidade de um evento crítico. A abordagem cuidadosa
durante o perioperatório, a identificação precoce de IAM, as manobras eficazes de
reanimação e o encaminhamento rápido à hemodinâmica foram determinantes para o
desfecho positivo deste caso.
Referência 1
Brandão ACA, Reis LA, Lima, RM et al. Parada Cardíaca em Anestesia. In:
Albuquerque MAC, Nascimento JS, Leal PC et al. Suporte Avançado de Vida em
Anestesia. Rio de Janeiro, Sociedade Brasileira de Anestesiologia/SBA, 2022; 37-56.
Referência 2
Botelho FE, Flumignan RLG, Shiomatsu GY et al. Preoperative coronary
interventions for preventing acute myocardial infarction in the perioperative period of
major open vascular or endovascular surgery. Cochrane Database of Systematic
Reviews. 2024;7:CD014920
Palavras Chave
fatores de risco; cardiopatia isquemica; Anestesia
Área
Medicina Perioperatória
Fonte de financiamento
Recursos Próprios
Instituições
CET DO IPSEMG - Minas Gerais - Brasil
Autores
FLÁVIA THAYNÁ RODRIGUES RIBEIRO, CARLOS ROBERTO MOREIRA NETO, ROBERTO CARDOSO BESSA JUNIOR, VANESSA PATRÍCIA VALLE GUSMÃO, KARINA DINIZ PEREIRA, JACI CUSTODIO JORGE