Dados do Trabalho
Título
Anestesia para miomectomia em gestante de dezenove semanas: relato de caso
Descrição
INTRODUÇÃO: Miomas uterinos são os tumores benignos mais frequentes do trato genital feminino, com incidência de até 77% das mulheres, e até 12,5% em gestantes. Nesta população, os miomas podem apresentar crescimento expressivo devido ao estímulo hormonal, ocasionando complicações em até 30% das pacientes. O manejo pode ser clínico ou cirúrgico, sendo um desafio para a equipe cirúrgica e para o anestesiologista. RELATO DE CASO: Mulher, 34 anos, primigesta, idade gestacional de dezenove semanas, a ser submetida a miomectomia laparotômica. Ressonância magnética evidenciando massa uterina subserosa fúndica de 21 cm x 15 cm; útero em conjunto com massa medindo 31,1 x 12 x 16,6 cm. Realizada anestesia geral venosa total associada a bloqueio peridural torácico com passagem de cateter peridural (CPD); monitorização padrão, além de monitorização neurológica, monitor de bloqueio neuromuscular e pressão arterial invasiva. Realizada indução anestésica com remifentanil endovenoso (EV) em infusão contínua, lidocaína 140 mg EV, propofol EV em infusão alvo controlada e rocurônio 100 mg EV; intubação orotraqueal e manutenção do plano anestésico com propofol e remifentanil em infusão contínua EV. Manteve estabilidade hemodinâmica até a retirada da peça cirúrgica, quando houve sangramento de vasos uterinos, necessitando de hemotransfusão e fenilefrina EV. No perioperatório, foram infundidos 1600 mL de cristalóides e administrada ropivacaína via CPD para analgesia. Ao final do procedimento, bloqueio neuromuscular revertido com sugamadex e extubação sem intercorrências. A paciente foi levada à Unidade de Terapia Intensiva estável hemodinamicamente e em ar ambiente, e recebeu alta domiciliar após dois dias. O exame citopatológico do líquido coletado da cavidade peritoneal e a biópsia da peça cirúrgica evidenciaram ausência de malignidade. DISCUSSÃO: Cirurgias por indicação não obstétrica ocorrem em cerca de 2% das gestações; o manejo anestésico tem limitações e a literatura é escassa. A escolha da técnica anestésica deve levar em consideração as alterações fisiológicas da gestação, a passagem de fármacos pela barreira placentária e o controle álgico e hemodinâmico, sendo a anestesia regional a técnica recomendada sempre que possível. Isto se justifica pela menor exposição fetal aos fármacos e pelas alterações fisiológicas da gestação, como friabilidade de vias aéreas e redução do tempo de esvaziamento gástrico, fatores que aumentam o índice de falha de intubação orotraqueal em gestantes, quando comparado com a população geral. Neste caso, a opção por anestesia geral objetivou melhor controle hemodinâmico e da perfusão útero-placentária ao evitar simpatólise. O bloqueio peridural foi associado para otimizar o controle álgico perioperatório, o que está relacionado à redução do risco de prematuridade. A escolha da técnica adequada contribuiu para um desfecho favorável para a paciente e o feto, e a gestação transcorreu sem intercorrências até o termo.
Referência 1
REITMAN, E.; FLOOD, P. Anaesthetic considerations for non-obstetric surgery during pregnancy. British journal of anaesthesia. 2011; v. 107:72-78,
Referência 2
DOMENICI, Lavinia et al. Laparotomic myomectomy in the 16th week of pregnancy: a case report. Case reports in obstetrics and gynecology. 2014; v. 2014, n. 1:154347
Palavras Chave
Anestesia; Gestante; miomectomia
Área
Anestesia Obstétrica
Fonte de financiamento
Recursos Próprios
Instituições
CET PROF. SILVIO RAMOS LINS - Rio de Janeiro - Brasil
Autores
PAULA DE ABREU FERREIRA ANTUNES, VITORIA LUIZA RIBEIRO SANTOS, MARCELA ALMADA DO CARMO, MARCO ANTONIO CARDOSO DE RESENDE, SULLA HABIB PINA