Dados do Trabalho


Título

CIRURGIA DE SEPARAÇÃO DE GÊMEOS SIAMESES TORACO-ONFALOPAGOS EM CARÁTER DE URGÊNCIA: RELATO DE CASO

Descrição

INTRODUÇÃO
A cirurgia de separação de gêmeos siameses é complexa e envolve a mútua colaboração entre cirurgia pediátrica, neonatologia e anestesiologia. Como condição rara na medicina, tem incidência aproximada de 1 caso para 97,5mil nascidos vivos, com taxa de sobrevivência geral entre gêmeos de cerca de 64%, sendo que toracópagos (51%) e onfalopágos (32%) são os grupos com 1ª e 3ª maior mortalidade. Além disso, situações de emergência (como do caso em questão) tem uma mortalidade 3,5x maior que situações eletivas. (1,2)
RELATO DE CASO
Este estudo tem a finalidade de relatar o caso de gêmeos siameses toraco-onfalopagos, cardiopatas, muito prematuros (31s), que compartilhavam fígado e esterno. A proposta inicial era a otimização de medidas antropométricas para abordagem simultânea de correção de cardiopatia com separação em mesmo tempo cirúrgico em hospital de referência.
Oito dias após nascimento, G1 evolui com icterícia, cianose, falência cardíaca e duas paradas cardiorrespiratórias em unidade de tratamento intensivo, com retorno a circulação espontânea, necessitando de altas doses de drogas vasoativas e sendo definida paliação por equipe assistente.
Devido ao contexto por piora dos parâmetros micro e macrovasculares de G1, houve necessidade de abordagem de separação em caráter de urgência.
Como técnica anestésica, optou-se por anestesia geral balanceada, com pacientes chegando em sala cirúrgica sob ventilação mecânica, intubados há 6 horas em UTI neonatal (pós óbito de G1). Dois ventiladores foram deslocados para sala cirúrgica, sendo 2 equipes anestésicas responsáveis pelo procedimento.
Optou-se por doses de Fentanil 5mcg/kg + Ketamina 1mg/kg + Rocurônio 1mg/kg considerando o peso do binômio G1-G2, além de 20ml de concentrado de hemácias + 7ml de plaquetas e 23ml de cristaloides, totalizando 50ml de líquidos intraoperatórios. Foi administrado no intraoperatorio, outrossim, gluconato de cálcio 30mg/kg e transamin 2mg/kg.
A separação foi realizada 45min do início cirúrgico, com G1 levado para berço de reanimação e atestado de óbito por equipe de neonatologia. G2, após separação, com fechamento de parede sem tensão, teve melhora significativa de parâmetros ventilatórios e hemodinâmicos.
DISCUSSÃO
A cirurgia de separação de gêmeos siameses em caráter de urgência é uma situação pouco frequente no contexto anestésico-cirúrgico. Como principal desafio que cabe ao anestesiologista é a definição de um planejamento anestésico adequado que englobe os aspectos fisiológicos de cada gêmeo, delineamento da quantidade e repercussões que cada agente anestésico poderá interferir no binômio e quantas limitações anatômicas/funcionais cada gêmeo possui para suportar o estresse cirúrgico.
Soma-se a particularidade do caso, a necessidade de comunicação multiprofissional contínua entre equipes cirúrgica e anestésica, principalmente para realizar a coordenação no que tange à estabilidade hemodinâmica com controle de sangramento e alterações sensíveis à ventilação mecânica.


Referência 1

Stone JL, Goodrich JT. The craniopagus malformation: classification and implications for surgical separation. Disponível em: https://academic.oup.com/brain/article/129/5/1084/327141?login=false doi: 10.1093/brain/awl065. Acessado em: 20/07/2024

Referência 2

Mabogunje OA, Lawrie JH - Conjoined twins in West Africa. Arch Dis Child, 1980; 55:626-630

Palavras Chave

cirurgia de separação; siameses; Anestesia pediátrica

Área

Anestesia Pediátrica

Fonte de financiamento

Instituição de Origem

Instituições

CET DA ASSOC.OBRAS SOCIAIS IRMÃ DULCE - Bahia - Brasil

Autores

TIAGO FERRAZ MASCARENHAS, RAFAELA TELES MARTINS, GUILHERME QUEIROZ SILVA, MARIANA SAMPAIO MOTTA REIS, LOURAN ANDRADE REIS PASSOS, ENOCK FERREIRA DOS SANTOS NETO