Dados do Trabalho


Título

Traqueobronquiomalácia e ventilação monopulmonar para lobectomia média

Descrição

Introdução:
A malácia ou fraqueza da cartilagem que suporta a árvore traqueobrônquica pode ocorrer na traqueia e nos brônquios, com prevalência de 37% em pacientes com Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) sendo o diagnóstico realizado por broncoscopia flexível. O fenômeno de air trapping é comumente encontrado em pacientes com traqueobronquiomalácia (TBM) e DPOC devido a alteração na dinâmica respiratória e a redução do Clearance das secreções na via aérea, a flacidez traqueal promove redução do diâmetro e até o colapso durante a inspiração.

Relato de caso:
SCCS, 69 anos, 77kg, 163cm, tabagista 100M-A, Possui DPOC e hipertensão arterial sistêmica, risco anestésico categoria 3 pela sociedade americana de anestesiologia. Apresenta nódulo semissólido em região hilar do lobo médio com crescimento em tomografia seriada, em espirometria VEF1 pós operatório: 43%. Foi proposto lobectomia média direita por videotoracoscopia sob anestesia peridural e geral com seletivação pulmonar à esquerda. Instituída monitorização básica, obtido linha arterial para monitorização invasiva e gasometrias. Indução: fentanil 250mcg, propofol em infusão alvo-controlada guiado pelo índice biespectral, rocurônio 50mg e intubação por laringoscopia direta com tubo duplo lúmen de 39fr (cuff traqueal 7ml + bronquial: 3ml), checado posicionamento por ausculta pulmonar. Durante o transoperatório o paciente apresentou alguns momentos de escape na ventilação monopulmonar por insuficiência de acoplamento entre o cuff bronquial e traqueal com a cartilagem da árvore brônquica, apresentando curva com padrão de vazamento expiratório no equipamento de ventilação (imagem), a ventilação foi mantida com os mesmos parâmetros e o cuff bronquial insuflado com mais 1ml. O tempo cirúrgico foi de 120min. Extubação realizada sem intercorrências e encaminhamento do mesmo a unidade de terapia intensiva.

Discussão:
Em cirurgias torácicas, alterações anatômicas que afetam a ventilação monopulmonar tornam-se um desafio a mais na manutenção da oximetria e da ventilação protetora. Durante a ventilação com pressão positiva em pacientes com TBM e intubação traqueal não haverá colapso da via aérea; traqueias irregulares e aumentadas em seu diâmetro podem causar vazamento na ventilação pela pressão aplicada na árvore traqueal maleável. No entanto, o desacoplamento da mesma ao cuff não deve ser corrigido com altas insuflações, pois a fragilidade da cartilagem possui risco de rompimento.

Referência 1

Talison Silas Pereira et al. Como monitorizar a ventilação mecânica? Curvas e loops. Ventilação mecânica perioperatória. Série SAESP Manole 2024, 1ed, 59-88.

Referência 2

Anupama G. Brixey. Invited Commentary: Tracheobronchomalacia and Excessive Dynamic Airway Collapse. RadioGraphics 2022 42:4, E119-E120.

Palavras Chave

Traqueobronquiomalácia; Ventilação Monopulmonar; Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC)

Área

Anestesia Cardiovascular e Torácica

Fonte de financiamento

Recursos Próprios

Instituições

CET S.A.HOSP.SERVID.PUBL.DE SP - São Paulo - Brasil

Autores

MARIANA DE OLIVEIRA GOMES, GABRIELA DIAS CAVALCANTI, NOEMY MATOS HIROKAWA, MAYKON LUIS SANTINI, CAIO AUGUSTO DE CARVALHO LEMOS, CESAR ANTONIO TAVARES DA ROCHA