Dados do Trabalho


Título

Anestesia regional como opção para osteossíntese de tíbia em paciente vítima de politrauma: um relato de caso

Descrição

Introdução: o trauma é uma das principais causas de morte no Brasil. Dentre as regiões lesionadas, os membros são desproporcionalmente afetados. Entretanto, nem todos os pacientes vítimas de politrauma podem ser submetidos à anestesia de neuroeixo e/ou anestesia geral. O seguinte relato apresenta a anestesia regional como alternativa segura para osteossinte de tíbia.

Relato: mulher, 25 anos, 1,62m, 64kg, sem comorbidades, vem trazida em PS por SAMU, vítima de acidade moto X ônibus. Paciente recebe atendimento inicial por equipes de cirurgia geral, ortopedia e neurocirurgia. Em tomografia computadorizada de corpo todo, evidenciado fratura vertebral de C2 com instabilidade, fratura completa com desalinhamento de mandíbula e maxila, contusão pulmonar bilateral acompanhada de múltiplas fraturas costais e fratura diafisaria de tíbia direita. Levada para centro cirúrgico para osteossíntese de tíbia. Paciente chega com colar cervical, saturação: 88% em CNO2 2l/min, Mallampati 4 com abertura oral limitada (< 3cm), estável hemodinamicamente com dor em quadril e membros inferiores. Optado pela realização de anestesia regional como alternativa mais segura para o manejo anestésico. Realizado sedação com 60mg de dexmetomidina em 10 minutos, acompanhando os sinais vitais. Seguida de bomba de infusão contínua de dexmetomidina 0,7mg/kg/h, além de midazolam 2mg e ketamina 15mg com melhora da saturação para 96% com mesmo aporte de oxigênio ofertado na entrada. Preparada solução de 40ml Ropivacaína 0,5% com antissepsia do sítio de punção. Realizado punção com agulha 100mm de stimuplex com auxílio de US e estimulador de plexo. Administrado 10ml da solução em nervo femoral, 10 ml de nervo ciático via infraglútea e 10ml de nervo obturador. Após 15 minutos da última punção, o bloqueio foi testado e liberado para o procedimento. Durante o procedimento, sedação foi mantida com ketamina em infusão contínua a 0,3mg/kg/h e dexmetomidina 0,5mg/kg/h, Ramsay 4. O procedimento durou 3h30 sem intercorrências. Nas primeiras 24h, paciente apresentou dor 0/10 em membro inferior direito.

Discussão: a lesão musculoesquelética é comum nos pacientes vítimas de trauma. Embora pacientes com lesões isoladas em membro tendam a ter melhores resultados, as mesmas lesões, em pacientes vítimas de politrauma, apresentam-se significativamente piores. No caso descrito, os preditores de via aérea difícil presentes por conta das lesões faciais somadas à baixa mobilidade cervical falavam contra a realização de anestesia geral. Ademais, a impossibilidade a impossibilidade de mobilização impediu a realização de bloqueio de neuroeixo. Sendo assim, a anestesia regional surge como alternativa segura para a realização do procedimento com importante controle álgico no pós operatório.

Referência 1

Berben SAA, Meijs THJM, van Dongen RTM, et al: Prevalência da dor e alívio da dor em pacientes traumatizados no departamento de acidentes e emergência. Lesão 2008;39:578–585. doi: 10.1016/j.injury.2007.04.013.

Referência 2

Banerjee M, Bouillon B, Shafizadeh S, et al: Epidemiologia de lesões de extremidades em pacientes com trauma múltiplo. Lesão 2013;44:1015–1021. doi: 10.1016/j.injury.2012.12.007.

Palavras Chave

anestesia regional; politrauma; fratura de tíbia

Área

Tratamento de Trauma/Queimaduras

Fonte de financiamento

Recursos Próprios

Instituições

CET HMCP.PONT.UNIV.CATÓLICA DE CAMPINAS - São Paulo - Brasil

Autores

JOSE VICTOR ROVERONI ZUNTINI, MALU OLIVEIRA DA CUNHA, VINICIUS DE MIRANDA MARTINHO, RENATA DE PAULA LIAN, ISABELA DA COSTA VALLARELLI, MONICA BRAGA DA CUNHA GOBBO