Dados do Trabalho


Título

Bloqueio do nervo ciático a nível da fossa poplítea em paciente com sonoanatomia distorcida por amputação traumática: relato de caso

Descrição

Introdução: A anestesia regional segue em constante avanço, principalmente após o advento da ultrassonografia, viabilizando técnicas cada vez mais seletivas e possibilitando adequada anestesia mesmo em pacientes com a anatomia distorcida. A prevalência de amputações traumáticas de membros inferiores no Brasil é estimada em 1.5 a cada 100 mil habitantes. As distorções anatômicas encontradas nesses pacientes podem tornar a anestesia do nervo ciático desafiadora, aumentando a chance de falhas totais ou parciais, além de um pior desfecho pós-cirúrgico.
Relato de caso: Paciente do sexo masculino, 20 anos, ASA 1 e vítima de amputação traumática transtibial em 2020 evoluiu com dor na região anterior do coto devido ao constante atrito com a prótese. Veio ao serviço para realização de regularização de coto de membro inferior esquerdo. Para a técnica anestésica, a anestesia geral com passagem de máscara laríngea (número 5) foi associada ao Bloqueio do nervo ciático ao nível da fossa poplítea. A indução anestésica foi realizada com 2,5mcg/kg Fentanil, 2mg/kg de Propofol e 0,6mg/kg de Rocurônio. Durante o escaneamento, a artéria e a veia poplítea não foram identificadas. Dessa forma, foi realizado o escaneamento crânio-caudal, identificados os nervos fibulares e tibiais até seu encontro, permeados pela bainha paraneural. Após a identificação, foram administrados 20ml de Ropivacaína 0,375% associado a 6mg de Dexametasona, com dispersão rostral satisfatória. O plano anestésico foi mantido com Propofol - Modelo Marsh 1,8 mcg/ml a 1,5 mcg/ml. Os adjuvantes analgésicos foram: Dipirona 2g e Parecoxibe 40mg. O paciente despertou sem queixas e recebeu alta no dia seguinte com satisfatório controle álgico.
Discussão: O bloqueio do nervo ciático ao nível da fossa poplítea pode ser desafiador em pacientes vítimas de amputação traumática transtibial. Por se tratar de uma estrutura elástica a artéria poplítea pode sofrer retração e devido a isso a visualização ultrassonográfica dessa artéria pode estar comprometida na fossa poplítea e não servir de referência anatômica a para a realização do bloqueio. Outra complicação possível, é a trombose da artéria poplítea que pode ocorrer após a amputação, dificultando também sua visualização.
Diante disso, é importante realizar o escaneamento cranial em busca da artéria poplítea ou da artéria femoral. Uma ferramenta que pode auxiliar na discriminação das imagens e garantir que a administação de anestésico seja realizada no local correto, é o estimulador de nervos periféricos. Muitas vezes a sonoanatomia pode demonstrar-se extremamente alterada e trazer uma situação desafiadora mesmo em mãos experientes.

Referência 1

Barbosa, Bruna Maria Bueno et al. “Incidence and causes of lower-limb amputations in the city of Ribeirão Preto from 1985 to 2008: evaluation of the medical records from 3,274 cases.” Brazilian journal of epidemiology. 2016; 19,2: 317-25.

Referência 2

Crane H, Boam G, Carradice D, Vanicek N, Twiddy M, Smith GE. Through-knee versus above-knee amputation for vascular and non-vascular major lower limb amputations. Cochrane Database Syst Rev. 2021; 14;12(12):CD013839.

Palavras Chave

sonoanatomia; anestesia regional

Área

Anestesia Regional

Fonte de financiamento

Recursos Próprios

Instituições

CET SÃO PAULO-SERV.MÉD.DE ANEST.S/C LTDA - São Paulo - Brasil

Autores

BEATRIZ ALMEIDA FERNANDES, MARIA BEATRIZ DE MORAES BASTOS GONCALVES, PEDRO PAULO KIMACHI, YURI REGIS DE FREITAS, THALES RICARDO DE PAULA, CLAUDIA MARQUEZ SIMOES