Dados do Trabalho
Título
Anestesia no Paciente com Doença de Parkinson: Relato de Caso
Descrição
Introdução: A Doença de Parkinson é a segunda doença neurodegenerativa mais comum no mundo. A expectativa é de alcançar 9 milhões de pessoas com a doença em 2030. A idade média do início dos sintomas é 60 anos de idade. Com o aumento da expectativa de vida da população, é esperado que tenhamos cada vez mais pacientes com a Doença de Parkinson, o que torna o conhecimento das particularidades da mesma de extrema importância para o Anestesiologista. O presente relato de caso tem como objetivo discutir o manejo perioperatório do paciente com Parkinson. Relato de Caso: Paciente do sexo feminino, 82 anos, Doença de Parkinson avançada, em uso domiciliar de Prolopa, Pramipexol, Mirtazapina, Duloxetina e Pregabalina. Admitida em Bloco Cirúrgico para realização de Artroplastia Total de Quadril Esquerdo em caráter de urgência, devido a fratura de fêmur esquerdo. Em avaliação inicial, observado jejum de cerca de 14 horas, além de ausência de medicamentos de uso contínuo na prescrição da equipe assistente. Paciente apresentava-se estável hemodinamicamente, taquicardica, taquipneica em ar ambiente, sem sinais de esforço respiratório ou dessaturação. Sudoreica, rubor facial, tremores intensos e rigidez muscular. Optado por anestesia geral balanceada e bloqueio regional, devido à dificuldade de posicionamento e realização de bloqueio de neuroeixo. Indução de anestesia com Fentanil 3mcg/kg, Lidocaína 1mg/kg, Propofol 1mg/kg, Cisatracúrio 0,15mg/kg e manutenção com Dexmedetomidina 0,5mcg/kg/hr e Sevoflurano 0,9 CAM. Bloqueio Femoral com auxílio de Stimuplex, com 30ml de Ropivacaína 0,3%. Ato cirúrgico e anestésico sem intercorrências. Ao final do procedimento, paciente encaminhada extubada ao CTI, eupneica, sem queixas álgicas. Discussão: A Doença de Parkinson se caracteriza pela redução da dopamina estriatal pela redução dos neurônios dopaminérgicos da parte compacta da Substância Negra, com consequências motoras e não-motoras. No caso relatado, podemos observar a exacerbação dos sintomas parkinsonianos pela soma de fatores: trauma, jejum prolongado e, principalmente, pela interrupção abrupta do uso dos antiparkinsonianos. O paciente com Doença de Parkinson se beneficia da abordagem multidisciplinar, com foco no manejo otimizado das comorbidades e reabilitação precoce. O controle hemodinâmico necessita de atenção especial devido à disfunção autonômica, com labilidade pressórica, alteração da regulação da temperatura e esvaziamento gástrico prolongado. A anestesia regional deve ser levada em consideração sempre que possível, pelo controle adequado da dor e detecção precoce do Delirium. Ao se optar pela anestesia geral, a monitorização eletroencefalográfica pode auxiliar na manutenção adequada da anestesia, evitando-se sobre ou subdoses. A anestesia multimodal poupadores de opioides surge como uma boa opção para garantir uma analgesia adequada, evitando-se medicamentos cujos efeitos colaterais são pronunciados nesses pacientes, como Opioides e Benzodiazepinicos.
Referência 1
Lenka, A. et al. A Pragmatic Approach to the Perioperative Management of Parkinson’s Disease, Cn J Neurol Sci. 2021; 48: 299-307.
Referência 2
Yim, R. L. H. et al, Peri-operative management of patients with Parkinson’s disease, Association of Anaesthetists, 77 (Suppl. 1), 123-133, 2022.
Palavras Chave
Parkinson; Anestesia
Área
Anestesia Geriátrica
Fonte de financiamento
Instituição de Origem
Instituições
CET DO IPSEMG - Minas Gerais - Brasil
Autores
PEDRO HENRIQUE NOGUEIRA PIMENTEL, JACI CUSTODIO JORGE, ANA CLARA DA CUNHA GOMES, MARIA LUIZA BATISTA GREGIANIN, PAULA LUIZA ISABELLA CRUZ, GUSTAVO ESTEVAM DA SILVA GOMES