Dados do Trabalho

Título

REAÇÕES DE HIPERSENSIBILIDADE PERIOPERATÓRIA: DESFECHOS OBTIDOS EM HOSPITAL DO SUL DO BRASIL COMO PARTE DE ESTUDO MULTICÊNTRICO NACIONAL

Descrição

Justificativa: O procedimento anestésico expõe o paciente a inúmeros fatores capazes de desencadear uma reação de hipersensibilidade perioperatória (RHP), causando desde sintomas leves até eventos graves como anafilaxia e parada cardiorrespiratória. Identificar e conduzir adequadamente estes eventos é uma competência essencial para o anestesiologista. O objetivo do presente estudo foi identificar a incidência de RHP e seu desfecho durante 1 ano em hospital público-privado do sul do Brasil a fim de ampliar o conhecimento sobre os dados locais, otimizando o cuidado com o paciente e identificando pontos a serem aprimorados. Método: Este estudo observacional prospectivo incluiu pacientes submetidos à cirurgia durante o período de 15 de abril de 2022 a 15 de abril de 2023, aprovado pelo comitê de ética da instituição sob número de parecer 5.352.648. Foram avaliados e incluídos no estudo os pacientes sob cuidados de um anestesiologista com episódio suspeito de RHP. Somente aqueles que aceitaram participar do estudo por meio de preenchimento do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) foram incluídos. Resultados: Foram avaliados 11.250 procedimentos cirúrgicos, sendo identificados 8 casos suspeitos de reação de hipersensibilidade, o que configura uma incidência inferida global de aproximadamente 71 casos/ 100.000 procedimentos. A média de idade dos casos foi de 51 anos (±19,9), com predomínio do sexo feminino (62,5%) e pacientes classificados como ASA II (50%). Dos pacientes avaliados, 75% foram submetidos à cirurgia eletiva e 83,3% não apresentavam relato de alergia prévia. Dentre os sintomas apresentados, 75% dos pacientes relataram urticária e 25% apresentaram rash cutâneo. Apenas um paciente foi identificado com broncoespasmo e a hipotensão prevaleceu em 25% dos casos. Após avaliação os pacientes foram divididos em dois grupos, sendo 6 pacientes avaliados como casos improváveis de RHP e 2 como casos prováveis de RHP. A conduta clínica para casos prováveis de reação de hipersensibilidade foi de oxigenoterapia, hidratação endovenosa, uso de adrenalina, corticoterapia e anti-histamínico em 100% dos casos. Dos pacientes observados como caso improvável de RHP, todos receberam hidratação EV e uso de adrenalina, 83,3% receberam O2 suplementar, 33,3% receberam administração de corticoide e apenas 16,7% receberam anti-histamínico. O seguimento da cirurgia foi realizado em 7 dos 8 casos e dentre os desfechos pós-alta foram observadas duas complicações respiratórias, uma cardiovascular, uma neurológica, duas renais e um óbito. Conclusão: Reações de hipersensibilidade perioperatória são um evento raro, com alto potencial de impacto negativo no desfecho pós-alta dos pacientes, apresentando potencial ameaçador à vida. Nesse sentido, é observada a importância do rápido reconhecimento das alterações ocasionadas pela RHP, bem como da epidemiologia das reações de hipersensibilidade local, fato esse que facilita a rápida tomada de decisão e conduta.

Referência 1

SOLÉ, Dirceu et al. Atualização sobre reações de hipersensibilidade perioperatória: documento conjunto da Sociedade Brasileira de Anestesiologia (SBA) e Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI)–Parte II: etiologia e diagnóstico. Revista Brasileira de Anestesiologia, v. 70, p. 642-661, 2021.

Referência 2

DEWACHTER, P.; SAVIC, L. Perioperative anaphylaxis: pathophysiology, clinical presentation and management. BJA education, v. 19, n. 10, p. 313-320, 2019.

Link para o registro de dados

https://redcap.ebserh.gov.br/surveys/?s=DPFTDDMR7W

Link para o registro de estudo

https://docs.google.com/document/d/1R6FVI7aTN5ZEp8Hi41TXNbn7xUZlVVgYhRHXVmPMPI4/edit?usp=sharing

Palavras Chave

Hipersensibilidade; Perioperatório; anafilaxia