Dados do Trabalho


Título

Uso de Blood Patch em criança de 5 anos para Cefaleia Pós-Punção Dural: Relato de Caso

Descrição

Introdução: O blood patch (BP) é um procedimento que utiliza sangue autólogo para tratar cefaléia pós-punção dural, depositando-o no espaço peridural. Este tratamento é especialmente desafiador em pacientes pediátricos devido à dificuldade na comunicação e na identificação precisa dos sintomas. A incidência de cefaleia pós-punção dural em crianças é pouco documentada, sendo o uso do BP nesse grupo etário ainda menos descrito. Relato de Caso: Apresentamos o caso de um paciente masculino de 5 anos, ASA 2, com Transtorno do Espectro Autista, que foi submetido a uma correção de hipospádia. A anestesia foi planejada como uma combinação de anestesia geral e peridural. Durante a anestesia geral, ocorreu uma punção dural inadvertida com agulha Tuohy 20G. Após a identificação do erro, a agulha foi removida e a punção peridural caudal foi realizada com sucesso. A cirurgia transcorreu sem complicações e o paciente foi liberado após dois dias de internação, sem relato de cefaléia. No terceiro dia pós-operatório, os pais relataram início de cefaleia leve, especialmente ao se levantar, sendo iniciados tratamento com hidratação e anti-inflamatórios não esteroides. Apesar da melhora parcial, a cefaleia intensificou no quarto dia, tornando-se intensa e limitante em ortostase, mas melhorando completamente em decúbito. Após a falha do tratamento clínico, optou-se pelo tampão sanguíneo, realizado sob sedação no quinto dia pós-operatório. Foram administrados 9 mL de sangue autólogo (0,5 mL/kg) no espaço peridural previamente puncionado. Após o procedimento, o paciente voltou a deambular sem queixas e no dia seguinte apresentou melhora completa dos sintomas. Discussão: A cefaleia pós-punção dural em crianças ocorre em uma faixa de 8-25% quando se utiliza agulha 22G. O vazamento de líquor pode reduzir a pressão no espaço peridural, e o aumento desta pressão é uma das explicações para a eficácia do blood patch. Em adultos, o procedimento é realizado com o paciente acordado, permitindo monitoramento clínico detalhado. Em crianças, o blood patch deve ser feito sob sedação, o que pode dificultar a observação precisa da melhora. O volume de sangue recomendado para o tampão varia de 0,2 a 0,5 mL/kg, e a comunicação clara com os pais é essencial para a avaliação dos sintomas. O tratamento clínico deve ser tentado inicialmente, reservando-se o BP para casos refratários, como o descrito. A punção inadvertida da dura-máter em crianças requer reconhecimento imediato e comunicação eficaz com a equipe cirúrgica e os cuidadores. Embora menos frequente do que em adultos, a cefaleia pós-punção dural pode impactar significativamente a qualidade de vida da criança. Quando o tratamento clínico falha, o BP deve ser considerado uma opção terapêutica, com mais estudos necessários para definir o volume ideal de sangue a ser administrado em crianças.

Referência 1

. Roy L, Vischoff D, Lavoie J. Epidural blood patch in a seven-year-old child. Can J Anaesth. 1995;42(7):621-62. 2. J Clin Neurosci. 2019; 62:147-154. 5.Ylönen P, Kokki H. Management of postdural puncture headache with epidural blood patch.

Referência 2

Patel R, Urits I, Orhurhu V, Orhurhu MS, Peck J, Ohuabunwa E, Sikorski A, Mehrabani A, Manchikanti L, Kaye AD, Kaye RJ, Helmstetter JA, Viswanath O. A Comprehensive Update on the Treatment and Management of Postdural Puncture Headache. Curr Pain Headache Rep. 2020 Apr 22;24(6):24. doi: 10.1007/s11916-020-00860-0. PMID: 32323013.

Palavras Chave

Anestesia pediátrica; Cefaleia Pós-Punção Dural;

Área

Anestesia Regional

Fonte de financiamento

Instituição de Origem

Instituições

CET DO HOSPITAL BRASÍLIA - Distrito Federal - Brasil

Autores

NATÁLIA OLIVEIRA FANDI, EWERTON ARYEL SALES SOBREIRA, AMANDA MOREIRA PARENTE, MARCELLA CHRISTINE TAUIL TAVARES SOUZA , ANA CAROLINA BANDEIRA EMRICH, ANACLETO GABRIEL DE ALCANTARA