Dados do Trabalho


Título

ANESTESIA PARA ELETROCONVULSOTERAPIA EM GESTANTE: RELATO DE CASO

Descrição

A flutuação hormonal na gravidez pode abrir quadros psiquiátricos e exacerbar diagnósticos prévios. As opções de tratamento incluem farmacoterapia e medidas não farmacológicas, como a eletroconvulsoterapia (ECT), e exigem envolvimento de equipe multidisciplinar. Paciente 35 anos, gestante de 25 semanas e 3 dias, com transtorno afetivo bipolar e sintomas psicóticos, sem outras comorbidades, com indicação de ECT. Confirmado jejum, administrado Metoclopramida 10mg endovenoso (EV) e ultrassonografia (USG) gástrica demonstrou estômago vazio. Monitorização com cardioscopia, oximetria, pressão arterial não invasiva, capnografia, monitor de profundidade anestésica e de bloqueio neuromuscular, além de USG obstétrico. Posicionamento com coxins para deslocamento do útero para a esquerda. Realizada pré-oxigenação, infusão de Propofol 80mg EV e Suxametônio 70mg EV e ventilação assistida sob máscara facial. Administrado impulso elétrico por equipe de psiquiatria. Recuperação materna adequada, apesar do tempo de 20 minutos para retorno da função neuromuscular. Ausência de alterações fetais. No total, foram realizadas 8 sessões de ECT, e cesárea com 35 semanas e 2 dias de gestação. As alterações fisiológicas da gestação têm importantes implicações na anestesia durante a ECT, necessitando rigorosa monitorização do binômio materno-fetal e posicionamento adequado, com deslocamento uterino para a esquerda, visando reduzir repercussões hemodinâmicas. Durante a crise tônico-clônica é necessária anestesia geral para maior segurança. O Propofol, hipnótico de primeira escolha devido a sua segurança e meia-vida curta, apresenta aumento no volume de distribuição, afetando a farmacocinética do mesmo, sendo interessante o uso de monitores de profundidade anestésica para evitar doses inadequadas. O Suxametônio ocasionou tempo prolongado para recuperação da função neuromuscular, possivelmente devido à redução na atividade das colinesterases plasmáticas. Medidas devem ser instituídas para minimizar risco de aspiração, como o adequado tempo de jejum e a utilização de procinéticos e antiácidos, bem como o uso do USG gástrico. A intubação orotraqueal de rotina deve ser evitada devido ao aumento da vascularização e edema das vias aéreas. A pré-oxigenação, gerando hiperóxia, reduz o limiar convulsivo e prolonga o tempo de apneia sem dessaturação, já que as gestantes apresentam capacidade residual funcional reduzida. A hiperventilação deve ser evitada pela alcalose respiratória e subsequente redução da oferta de oxigênio para o feto. A ECT apresenta resposta completa ou parcial em 84% das gestantes, evitando a farmacoterapia com potenciais efeitos no feto. O adequado preparo torna o procedimento seguro e possível nessa população.

Referência 1

Rose S, Dotters SK, Kuller JA. Electroconvulsive Therapy in Pregnancy: Safety, Best Practices, and Barriers to Care. Obstetrical & Gynecological Survey. 2020; 75: 199-203.

Referência 2

Leote J, Candeias M, Carapuchina A et al. Considerações de Anestesiologia na Eletroconvulsoterapia. Revista da Sociedade Portuguesa de Anestesiologia. 2022; 141-149.

Palavras Chave

Eletroconvulsoterapia; obstetrícia; anestesiologia

Área

Anestesia Obstétrica

Fonte de financiamento

Recursos Próprios

Instituições

CET DO IPSEMG - Minas Gerais - Brasil

Autores

GUSTAVO ESTEVAM DA SILVA GOMES, PAULA LUIZA ISABELLA CRUZ, ROBERTO CARDOSO BESSA JUNIOR, JACI CUSTÓDIO JORGE, JOSUÉ MONTEIRO PEREIRA, PEDRO HENRIQUE NOUEIRA PIMENTEL