Dados do Trabalho


Título

NEFROURETERECTOMIA RADICAL EM PACIENTE COM CARDIOPATIA GRAVE: RELATO DE CASO

Descrição

A Insuficiência Cardíaca Congestiva (ICC) é uma condição desafiadora durante procedimentos anestésicos e cirúrgicos devido ao risco aumentado de descompensação cardíaca, arritmias e complicações respiratórias. Este relato de caso visa discutir as condições adversas enfrentadas e as estratégias adotadas no manejo perioperatório de uma paciente com ICC grave e múltiplas comorbidades, destacando a importância de uma abordagem multidisciplinar e personalizada.
L.M.M.S., sexo feminino, 71 anos, histórico de hipertensão arterial sistêmica, fibrilação atrial, acidente vascular encefálico, ICC grave, insuficiência renal crônica e valvuloplastia mitral. Ecocardiograma com fração de ejeção de 24% (Simpson) e pressão de artéria pulmonar de 25 mmHG. Utilizava espironolactona, furosemida, sacubitril/valsartana, carvedilol, ácido acetilsalicílico, rivaroxabana e sinvastatina. Foi admitida com diagnóstico de carcinoma urotelial da pelve renal esquerda, sendo indicada a nefroureterectomia radical videolaparoscópica. Inicialmente, realizou-se ansiólise leve com midazolam 1 mg intravenoso. Como técnica anestésica, optou-se por peridural com cateter, com punção a nível de T10-T11 e injeção de 10ml de solução titulada contendo levobupivacaína com vasoconstritor a 0,15% e morfina 1 mg. Na anestesia geral, usou-se fentanil 125 mcg, lidocaína 60 mg, escetamina 20 mg, propofol 20mg e rocurônio 50 mg. Pré-oxigenação com fração de oxigênio inspirado a 100% e sevoflurano a 1%, seguida de intubação orotraqueal (IOT), índice bispectral de 50 e spectral edge frequency (SEF) de 15. Realizou-se acesso venoso central, pressão arterial invasiva, monitorização de temperatura e introdução da sonda de ecotransesofágico (ETE), evidenciando estase venosa em átrio esquerdo e hipocinesia de ventrículo esquerdo. Para controle da hipotensão, realizou dois bolus de 15 mg de efedrina seguida de infusão contínua de dobutamina, sendo mantida durante todo ato anestésico-cirúrgico. Durante a cirurgia, optou pela conversão para laparotomia devido à aderências no hilo renal e a gravidade clínica da paciente. Após a extubação, a paciente manteve-se estável hemodinamicamente, com suporte inotrópico com dobutamina 5-10 mcg/kg/min e posterior associação de adrenalina 0,4 mcg/kg/min. Em seguida, foi transferida para UTI hemodinamicamente compensada e sem queixas. No entanto, três dias após a cirurgia, apresentou uma deterioração clínica marcante, vindo a óbito no 5º dia pós-operatório.
O manejo de pacientes com ICC durante procedimentos cirúrgicos e anestésicos requer uma abordagem cuidadosa e multidisciplinar. A avaliação pré-operatória detalhada, a monitorização hemodinâmica intensiva, a escolha adequada da técnica anestésica e a vigilância contínua no pós-operatório são componentes cruciais para minimizar os riscos e melhorar os resultados clínicos. Abordagens clínicas individualizadas são necessárias para mitigar riscos e promover uma recuperação segura.

Referência 1

Salgado-FilhoM F, Morhy S S, Vasconcelos H D de et al. Consenso sobre ecocardiografia transesofágica perioperatória da Sociedade Brasileira de Anestesiologia e do Departamento de Imagem Cardiovascular da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Revista Brasileira de Anestesiologia. 2018;68,1-32, 2018. Disponível em: . Acessado em: 17/07/2024

Referência 2

Turrentine F E, Sohn Min-woong, Jones, R S et al. Congestive Heart Failure and Noncardiac Operations: Risk of Serious Morbidity, Readmission, Reoperation, and Mortality. Journal of the American College of Surgeons. 2016;222, n. 6:1220-1229.

Palavras Chave

Insuficiência cardíaca congestiva; Doença Renal Crônica; Carcinoma renal

Área

Tecnologia/Equipamento/Monitoramento

Fonte de financiamento

Instituição de Origem

Instituições

Faculdade de Minas - FAMINAS - Minas Gerais - Brasil

Autores

YARA MENDES CUPERTINO , ELISA PAMPOLINI GOULART DE FREITAS PACHECO , LUÍZA CHAVES RAMOS, MARCUS VINICIUS NETO PIMENTEL