Dados do Trabalho
Título
HIPERALGESIA INDUZIDA POR OPIOIDE EM PACIENTE DE USO CRÔNICO: UM RELATO DE CASO
Descrição
Introdução: Opioides fazem parte de uma classe de medicamento frequentemente utilizada para o manejo da dor, contudo pode ocorrer o fenômeno do aumento da sensibilidade ao estimulo doloroso causado pela exposição a este medicamento, sendo nesse caso feito de forma crônica. O objetivo deste relato é esclarecer como os quadros de hiperalgesia induzida por opioide podem se apresentar e como podem ser controlados. Relato de caso: Paciente previamente hígido, 33 anos, apresentava dor lombar intensa sem melhora com analgésicos opioides fortes. A ressonância nuclear magnética (RNM), apresentava hérnia discal foraminal L5 S1. Iniciado o tratamento com a Clinica da Dor, foram feitos mais de 5 infiltrações foraminais utilizando corticoide, porém sem melhoras duradouras. Houve agravo da dor, associado a quadro de parestesia bilateral em membros inferiores, sendo indicada uma cirurgia de artrodese entre L4 e S1. Paciente se manteve com doses altas de tramadol em casa e frequentes idas ao pronto socorro para administração de morfina endovenosa durante mais de um ano após a cirurgia, tendo então iniciado o uso de um eletroneuroestimulador, o qual surtiu efeito apenas para a parestesia em membros inferiores e dessa maneira continuado com altas doses de morfina endovenosa, juntamente com o tramadol. Após dois anos de uso do eletroneuroestimulador optou-se por uma bomba de morfina, chegando a dosagem de 8 bolus, sem melhora do quadro de dor, com uso diário de opioides e anti-inflamatórios e idas semanais ao serviço hospitalar para o uso de morfina endovenosa. Foi então levantada a suspeita da hiperalgesia induzida por opioide, iniciando o tratamento com quetamina endovenosa, sendo utilizada incialmente uma vez por semana e então tendo um espaçamento das administrações, isso durante 5 meses e, assim reduzindo as doses de opioide gradativamente, apresentando melhora considerável da dor. Discussão: O paciente é portador de uma dor crônica intensa, que persistiu a todas as intervenções propostas, incluindo tratamentos conservadores e invasivos. Analisando a exposição a opioide, esta foi feita de forma contínua e intensa durante todos os anos do seu tratamento. Acredita-se que podem ocorrer alterações neuroplásticas no sistema nervoso periférico e central, com a sensibilização das vias pró nociceptivas que levam a hiperalgesia induzida por opioide, a qual é de difícil diagnóstico, principalmente em casos crônicos, e é feito clinicamente. No caso desse paciente a suspeita foi confirmada, já que além do histórico sugestivo pelo uso prolongado dessa classe medicamentosa, o tratamento, que é o especifico para esta condição, ocasionou uma grande melhora do quadro, que evidentemente mostrava uma piora associada ao aumento do uso dos opioides.
Referência 1
LEAL, P. DA C, CLIVATTI, J, GARCIA, J.B.S. et al. Hiperalgesia induzida por opioides (HIO). Revista Brasileira de Anestesiologia, 2010, v. 60, n. 6, p. 643–647..
Referência 2
JUNIOR, D. T. F. S, PIMENTEL, I. C. P, CARDOSO, M. G. DE, et al. Manejo anestésico de Hiperalgesia induzida por opioide em portador de dor crônica oncológica: relato de caso. Brazilian Journal of Health Review, 2023 v. 6, n. 5, p. 24026–24030.
Palavras Chave
opioide; Dor crônica; Analgesia
Área
Medicina da Dor, Cuidados Paliativos e Cuidados em Fim de Vida
Fonte de financiamento
Recursos Próprios
Instituições
Hospital nossa senhora das dores - Minas Gerais - Brasil
Autores
MARIA EDUARDA DUARTE FIALHO, SOFIA DE LAMATTA BARBOSA, VINICIUS LAGES MARTINS