Dados do Trabalho


Título

Analgesia endovenosa para parto vaginal em paciente portadora de hipertensão intracraniana idiopática

Descrição

Introdução
Hipertensão intracraniana idiopática (HII) é uma patologia com origem não totalmente esclarecida, a qual advém um excesso de líquido cefalorraquidiano (LCR). A incidência é de 0.9:100.000 indivíduos e os fatores de risco são sexo feminino, obesidade e idade reprodutiva. A gravidez em si não é um fator de risco. O diagnóstico é clínico, na presença de cefaleia e diplopia, além de papiledema e elevada pressão de abertura na punção lombar. A HII durante a gravidez não está relacionada com complicações maternas ou fetais. O inibidor de anidrase carbônica Acetazolamida como tratamento medicamentoso reduz a produção de LCR, porém ainda sem dados suficientes para comprovar o seu uso seguro em gestantes. A via de parto em portadoras de HII ainda é controverso. A maioria dos serviços opta por cesárea eletiva para evitar a elevação da pressão intracraniana (PIC) durante o trabalho de parto.
Relato de caso:
Paciente W.L.D.S , 22 anos, obesa, apresentou cefaleia e diplopia na 24ª semana gestacional. Foi diagnosticada com papilledema bilateral e, após avaliação neurológica, foi levantada a hipótese diagnóstica de HII. A paciente realizou uma punção lombar, apresentando pressão de abertura aumentada, confirmando a hipertensão intracraniana. Foi iniciado tratamento medicamentoso com Acetazolamida. Com 38 semanas de gestação, a paciente internou para indução de parto. Pela estabilidade da HII e a ausência de contraindicações obstétricas, foi respeitado o desejo da paciente de conduzir o parto via vaginal. Por dor intensa, foi iniciado acompanhamento anestesiológico. Foi realizado uma analgesia de parto intravenosa com Remifentanil, em dose baixa (0.05mcg/kg/min), com controle álgico e controle dos picos hipertensivos, possibilitando a continuidade do parto. A Pediatria foi avisado sobre o uso da medicação. Uma hora depois, nasce o recém-nascido (RN) chorando, sem sinais de repercussão pelo uso da medicação analgésica. Mãe e RN mantiveram estabilidade clínica e receberam alta hospitalar 3 dias pós-parto.
Discussão:
A gravidez pode alterar a PIC por aumento do volume sanguíneo, a retenção de água e também o esforço do trabalho de parto com picos hipertensivos. Mesmo não sendo uma contraindicação formal, existe dificuldade técnica no uso da anestesia do neuroeixo na situação de contrações regulares, obesidade e o risco de hipotensão com consequente redução da pressão perfusão cerebral. Além disso, nossa paciente não teve avaliação neurológica ou controle clínico recente.
Provamos que é possível conduzir o parto via vaginal em portadoras de HII, além de ter apresentado uma alternativa segura da analgesia de parto por via endovenosa. Com o uso de Remifentanil, atingimos controle de dor e dos picos hipertensivos, a condução ativa do trabalho de parto e a ausência de complicações do RN pelo uso da medicação, que representa então uma alternativa viável e segura para poder realizar uma analgesia de parto natural para uma portadora de HII.

Referência 1

ALVES, Sara, SOUSA, Natacha, CARDOSO, Luisa, Et.al. Manejo multidisciplinar da hipertensão intracraniana idiopática na gravidez: série de casos e revisão narrativa. Brazilian Journal of Anesthesiology. (S.I), v. 72, e. 6, p.790-794. 2022. Disponível em: https://bjan-sba.org/article/10.1016/j.bjane.2021.02.030/pdf/rba-72-6-790-trans1.pdf Acesso em: 5 jul. 2024

Referência 2

SUBEDI, Prabin, SHARMA, Mona, YOGI, Prajwala, Et.al. Perioperative Diagnosis and Anesthetic Management of Idiopathic Intracranial Hypertension in Pregnancy: A Case Report. Journal of Nepal Medical Association, (S.I.), 61 (259): 263-6, 2023. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC10231526/pdf/JNMA-61-259-263.pdf Acesso em: 5. Jul. 2024

Palavras Chave

Hipertensão intracraniana idiopática; Analgesia de parto; Remifentanil

Área

Anestesia Obstétrica

Fonte de financiamento

Instituição de Origem

Instituições

RESIDÊNCIA - HOSPITAL UNIVERSITÁRIO PEDRO ERNESTO UERJ - Rio de Janeiro - Brasil

Autores

LUISA REINHARDT, CLARA DE OLIVEIRA MENON, LUISA DUTRA DE CASTRO, ALEXANDRE FERNANDES DA SILVA, GISELLE CARVALHO DE SOUSA, CLAUDIA REGINA MACHADO