Dados do Trabalho


Título

DESAFIOS DURANTE O MANEJO DE UM SANGRAMENTO DIFUSO INTRAOPERATÓRIO EM CIRURGIA PARA TRANSPLANTE RENAL

Descrição

INTRODUÇÃO
Cerca de 70% dos transplantes de órgãos realizados no Brasil são de rim. Pacientes com doença renal crônica (DRC) terminal frequentemente apresentam distúrbios de coagulação, os quais podem levar a um aumento do risco de sangramento (RS) cirúrgico.

RELATO DE CASO
Feminina, 48 anos, 72,5 kg, IMC: 27.3 kg.m², portadora de HAS com controle inadequado, além de DRC em terapia dialítica 3 vezes na semana, com perda média estimada de 3L. Candidata a transplante renal, com tempo de isquemia fria e morna em torno de 9 e 3 horas, respectivamente. Apresentava PA: 185x90mmHg, Fc: 85bpm, SatO2: 99%, hipocorada +/4+, ausculta sem sinais de congestão. Exames laboratoriais normais, exceto creatinina: 10.6 mg/dL e ureia: 65mg/dL. ASA IV. Admitida em sala com aquecimento por convecção e dripping de terapia imunossupressora (timoglobulina), sendo procedida a monitorização multiparamétrica, puncionada pressão arterial invasiva e acesso central ecoguiado. Foi conduzida a anestesia geral venosa total, com propofol TCI com alvo plasmático entre 4-6μg.mL-1, guiado pela monitoração da consciência, associado a remifentanil 0.1-0.2 μg.kg.min-1 endovenoso (EV). Intubação em sequência rápida. Foi mantida infusão de noradrenalina entre 0.1-0.2 μg.kg.min-1 com o intuito de manter a perfusão do enxerto (PAM 100mmHg). Realizados 1500mL de Ringer com Lactato, além de furosemida 40mg EV, antes do desclampeamento. Durante a revisão da cavidade constatou-se um sangramento difuso estimado em 800mL. O TCA de sala era de 110s. Foram administrados gluconato de cálcio 2g, desmopressina (DDAVP) 0,3 mcg/kg e ácido tranexâmico 1g EV, com melhora expressiva. Ao término do procedimento, foi realizada a reversão guiada do bloqueio neuromuscular e procedido o bloqueio de quadrado lombar tipo III, com ropivacaína 0,3 % 25mL, sendo extubada com Aldrete 9.

DISCUSSÃO
Pacientes com DRC apresentam maior RS, que pode ser 3,5 vezes maior. Neste cenário, as plaquetas, fundamentais para a hemostasia, podem contribuir para o desenvolvimento de complicações, tanto por causas quantitativas como qualitativas. Outros fatores contribuintes para o RS são a presença de anemia, distúrbios na hemostasia do cálcio e acúmulo residual de anticoagulantes. Drogas como o crioprecipitado (rico em FvW) e DDAVP (responsável pela liberação de FvW dos locais de armazenamento nas plaquetas) são úteis no auxílio da hemostasia em pacientes urêmicos. A compreensão e o adequado tratamento do sangramento são fundamentais, dada a relevância clínica e maior morbimortalidade relacionada a estes eventos no paciente com DRC.

Referência 1

1) Baaten CCFMJ, Schröer JR, Floege J, Marx N, Jankowski J, Berger M, Noels H. Platelet Abnormalities in CKD and Their Implications for Antiplatelet Therapy. Clin J Am Soc Nephrol. 2022 Jan;17(1):155-170. doi: 10.2215/CJN.04100321.

Referência 2

2) Lutz J, Menke J, Sollinger D, Schinzel H, Thürmel K. Haemostasis in chronic kidney disease. Nephrol Dial Transplant. 2014 Jan;29(1):29-40. doi: 10.1093/ndt/gft209.

Palavras Chave

SANGRAMENTO EM TRANSPLANTE RENAL;

Área

Sistema Hematológico, Coagulação, Transfusão, Reposição Volêmica e PBM

Fonte de financiamento

Público

Instituições

CET PROF. SILVIO RAMOS LINS - Rio de Janeiro - Brasil

Autores

GUSTAVO BARBOSA SODRÉ, BRUNO VITOR MARTINS SANTIAGO, ALINE CRETTON PEREIRA DE SOUZA, ROGÉRIO LUIZ DA ROCHA VIDEIRA, JULIANA DE OLIVEIRA DUARTE DINIZ, RAFAELA CORREIA DA SILVA