Dados do Trabalho
Título
AINEs em Pacientes Pediátricos no Intraoperatório: Revisão de Literatura
Descrição
Justificativa e objetivos: O controle da dor no perioperatorio tem impacto tanto na experiência do paciente, quanto na recuperação, diminuição do tempo de internação e consequente otimização de custos. Os anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs) são uma classe com bom nível de evidência, mesmo na população pediátrica, contudo, o uso corriqueiro desta classe gera dúvidas a muitos profissionais. Essa revisão de literatura busca elucidar as evidências recentes sobre o uso de AINEs em crianças no perioperatorio. Método: Realizada pesquisa na plataforma Pubmed com os descritores: “Non-steroidal anti-inflammatory drugs”, “infants”, “surgery” e filtrados artigos dos últimos cinco anos. Foram escolhidos dois para essa discussão. O critério de escolha foi a relevância da publicação, conteúdo compatível com a pesquisa e o número de referências permitidas. Resultados: Dentre as medicações mais utilizadas para o controle da dor pós operatória estão o paracetamol, os AINEs e os opiáceos. O paracetamol mostrou-se bem recomendado para dor leve e os opiáceos têm evidência no controle da dor moderada a grave, no entanto, estão implicados em altas taxas de efeitos colaterais, como, depressão respiratória, sedação, náusea e vômitos. Em vista destes dados, os AINEs têm efeito poupador de opioides comprovado e estudos buscam analisar o uso com segurança na faixa pediátrica. Dentre os encontrados, estão os que demonstram eficácia na analgesia após amigdalectomia e adenoidectomia, sendo os mais estudados, ibuprofeno, cetoprofeno e cetorolaco. O cetorolaco em crianças maiores de 2 meses foi o agente com potencial analgésico que mais se aproximou aos opioides, com baixo relato de efeitos colaterais. Sua dose recomendada foi de 0,5 mg/kg a cada 6h por 48h. O uso combinado de ibuprofeno e paracetamol também demonstrou eficácia sem aumento de sangramento após amigdalectomia. Seu perfil farmacocinético é semelhante em adultos e crianças maiores de 3 meses, faixa etária a qual a dose 10mg/kg a cada 6h é bem tolerada. Acima de 1 ano, o cetoprofeno demonstrou boa eficácia, sendo a dose recomendada de 5mg/dia dividido a cada 4-8h.
As reações adversas aos AINEs são em sua maioria de natureza leve. A insuficiência renal aguda pode ocorrer, especialmente quando há fatores de risco, como desidratação e doença renal pré-diagnosticada, sendo esta última a contraindicação mais relevante para a terapia com AINEs. O sangramento gastrointestinal têm maior predisposição a acontecer em neonatos e crianças pequenas quando associado a outros fatores de risco. Em relação ao sangramento pós-operatório, os dados ainda permanecem inconclusivos. Conclusões: A eficácia e a segurança dos AINEs em crianças encontram bons níveis de evidência na literatura, permitindo que o anestesiologista tenha embasamento teórico suficiente para uso rotineiro dessas medicações. Em crianças menores de 3 meses, no entanto, os estudos são limitados.
Referência 1
Saini, Ashish et al. “Nonopioid analgesics for perioperative and cardiac surgery pain in children: Current evidence and knowledge gaps.” Annals of pediatric cardiology vol. 13,1 (2020): 46-55. doi:10.4103/apc.APC_190_18
Referência 2
Ziesenitz, Victoria C et al. “Efficacy and Safety of NSAIDs in Infants: A Comprehensive Review of the Literature of the Past 20 Years.” Paediatric drugs vol. 24,6 (2022): 603-655. doi:10.1007/s40272-022-00514-1
Palavras Chave
Anti-inflamatórios não esteroidais; Dor Pós-operatória; Pediatria
Área
Anestesia Pediátrica
Fonte de financiamento
Recursos Próprios
Instituições
CET SERV.ANEST.HUFJUIZ DE FORA - Minas Gerais - Brasil
Autores
KAREN TOLEDO MORAIS IGLESIAS, FERNANDO PAIVA ARAUJO, GIOVANI ALVES MONTEIRO, KAMILA ALVES SILVA FERREIRA , NATALIA SOUZA PAVIN, Thulio Henrique Martins Ferreira