Dados do Trabalho
Título
Manejo de via aérea difícil em paciente Síndrome de Down não colaborativo com obstrução intestinal por Doença de Hirschsprung
Descrição
INTRODUÇÃO: A síndrome de Down (SD) é a doença genética mais comum em humanos. Suas alterações anatômicas tipicas, associadas ao caso de obstrução intestinal tornam o manejo da via aérea desses pacientes potencialmente desafiador. O objetivo do presente estudo é relatar o planejamento anestésico de um paciente não colaborativo com preditores de Via Aérea Difícil (VAD) e estômago cheio.
RELATO DE CASO: Masculino, 20 anos, Síndrome de Down, Doença de Hirschsprung e hipotireoidismo, agitado e não colaborativo. À avaliação de via aérea: Malampatti III, abertura bucal <3cm, distância tireomentoniana <6cm e macroglossia. Abordagem anestésica com indução dissociativa para correção cirúrgica de megacólon congênito. Monitorado em sala cirúrgica, realizada venóclise e iniciada infusão de Remifentanil 0,25mcg/kg/min + Dexmedetomidina 1mcg/kg EV em 10 minutos(ataque) + 0,4mcg/kg/h (manutenção) + Dextrocetamina 1mg/kg bolus EV. Anestesia tópica de via aérea superior com Lidocaína spray 10% e periglótica com Ropivacaína 0,5% (4 ml) preservando o drive respiratório e controle da agitação. Pré-oxigenação + intubação orotraqueal sob videolaringoscopia e auxílio de Bougie com tubo orotraqueal (TOT) 6 com cuff. Checagem de capnografia e sinais vitais estáveis, sem exacerbação de reflexos autônomos nem superficialização do plano anestésico. Então, indução à inconsciência com Propofol EV (alvo de qCON < 60
— CONOX) e bloqueio neuromuscular com Rocurônio EV. TOT fixado e acoplado à ventilação mecânica. Punção peridural única com agulha Tuohy 18G, Dogliotti positivo, dose-teste negativa e passagem de cateter entre T11-T12, técnica asséptica e antisséptica. Ropivacaína 0,5% (10mL) bolus e mantido em BIC (Ropivacaina 0,07%+Fentanil 1ug/mL+Adrenalina 10mcg/mL, 6mL/h), via cateter peridural. Pré-extubação, Morfina 2mg e Ropivacaína 0,25% (10 ml), via cateter peridural. No fim do procedimento de colectomia total, encaminhado à RPA junto a familiar, responsivo, sem queixas álgicas ou sinais de delirium pós- operatório.
DISCUSSÃO: A anestesia dissociativa permite adequadas condições para o manejo peri- intubatório com menor risco ao paciente não colaborativo e com VAD. A cetamina fornece boa analgesia, sem provocar depressão cardiovascular ou respiratória, mantendo os reflexos de vias aéreas. Contudo, possui efeitos
colaterais indesejáveis como sialorreia e aumento do reflexo de vômito. A dexmedetomidina apresenta ótima eficácia sedativa e analgésica, com depressão respiratória mínima. Todavia, seu efeito depressor cardiovascular torna a sua associação com a cetamina uma opção segura e eficaz, com menor repercussão hemodinâmica, hipersecretividade e reatividade de vias aéreas com mínima depressão respiratória. A intubação em sequência atrasada com abordagem dissociativa, nos casos estômago cheio e preditores de VAD mostrou-se uma opção segura nestes pacientes, diminuindo o risco de broncoaspiração.
Referência 1
SUBRAMANYAM, R. et al.. Upper airway morphology in Down Syndrome patients under dexmedetomidine sedation. Revista Brasileira de Anestesiologia, v. 66, n. 4, p. 388–394, jul. 2016.
Referência 2
MIDEGA, T. D. et al.. Uso de cetamina em pacientes críticos: uma revisão narrativa. Revista Brasileira de Terapia Intensiva, v. 34, n. 2, p. 287–294, abr. 2022.
Palavras Chave
MANEJO DE VIA AÉREA; SÍNDROME DE DOWN; ESTÔMAGO CHEIO
Área
Gerenciamento de vias aéreas
Fonte de financiamento
Recursos Próprios
Instituições
CET SERV.ANEST.TRAUMA E EMERGÊNCIA RJ - Rio de Janeiro - Brasil
Autores
ANDRE LUIZ PROTTES, TOBIAS SAMPAIO DE LACERDA, MATHEUS OLIVEIRA MILER DE MOURA, FERNANDA COSTA BARRADAS, MANOELA DANTAS DA SILVA LIMA, CLAUDIO LUIS DA FONSECA