Dados do Trabalho


Título

Anestesia para Hérnia Diafragmática Congênita em RN com ECMO: Um Relato de Caso

Descrição

Introdução: A hérnia diafragmática congênita é um defeito patológico raro no desenvolvimento do diafragma, caracterizado pela herniação do conteúdo abdominal para o tórax. Essa condição inibe o crescimento pulmonar e resulta em alterações estruturais e funcionais no coração, circulação pulmonar, parênquima pulmonar e vias aéreas. A indicação mais comum de abordagem cirúrgica em neonatos com essa patologia, que utilizam a oxigenação de membrana extracorpórea (ECMO), refere-se ao colapso cardiopulmonar que acompanha a insuficiência grave do ventrículo esquerdo (VE). Os objetivos anestésicos e hemodinâmicos durante o ato cirúrgico incluem abordagens protocoladas para ventilação protetora pulmonar, manutenção da frequência cardíaca e pressão arterial dentro da faixa de normalidade para a idade, débito urinário >1 mL/kg/h, concentração de lactato <3 mmol/L e perfusão adequada de órgãos-alvo. Frequentemente, vasopressores são necessários para aumentar a pressão arterial sistêmica e melhorar a perfusão tecidual. Relato de Caso: Recém-nascido de 30 semanas e 6 dias por ecografia, com quatro dias de vida e diagnóstico pré-natal de hérnia diafragmática grave, com oclusão traqueal por balão tardio e baixa resposta, nasceu por parto cesárea devido a trabalho de parto prematuro. Apgar 2/2/2, em ventilação mecânica desde o nascimento. Evoluiu com hipercapnia, hipoxemia grave e choque, sendo iniciada ECMO. Após 30 horas de vida, foi submetido à correção da hérnia diafragmática. No pré-operatório, apresentava-se em infusão contínua de adrenalina 0,06 mcg/kg/min, dexmedetomidina 0,26 mcg/kg/h, midazolam 0,25 mg/kg/h e fentanil 2,5 mcg/kg/h. Durante o ato cirúrgico, otimizou-se a anestesia com cetamina e rocurônio, e foram realizadas duas expansões albuminadas (10 mL/kg cada), além do aumento da infusão de adrenalina de 0,18 para 0,5 mcg/kg/min. O paciente manteve-se hemodinamicamente estável durante todo o ato cirúrgico e anestésico. Discussão: A abordagem anestésica para a correção de hérnia diafragmática congênita em neonatos em ECMO é predominantemente uma técnica de opioide de alta dose associado a um bloqueador neuromuscular, somada ao manejo da ventilação protetora pulmonar durante e após o reparo cirúrgico, devido ao risco de pneumotórax contralateral. A conduta deve ser individualizada, considerando o local da realização cirúrgica, a gravidade e a estabilidade hemodinâmica do paciente, até o momento ideal para o reparo cirúrgico. No caso apresentado, a associação da ECMO foi eficaz no controle hemodinâmico do paciente e contribuiu para o sucesso do ato cirúrgico e anestésico.

Referência 1

Chatterjee D, Ing RJ, Gien J. Update on Congenital Diaphragmatic Hernia. Journal Anesthesia & Analgesia. International Anesthesia Research Society. 2020;131(3):808-821.

Referência 2

Altokhais T, Soomro MA, Gado A, et al. Bedside Neonatal Intensive Care Unit Correction of Congenital Diaphragmatic Hernia: Is Repair without Compromise?. Am J Perinatol. 2016;33(09):861-865.

Palavras Chave

Hernia Diafragmática; anestesia em recem nascido;

Área

Anestesia Pediátrica

Fonte de financiamento

Instituição de Origem

Instituições

CET DO HOSPITAL VERA CRUZ - São Paulo - Brasil

Autores

RAFAELA MALTA MARADEI, LAIS MIOTTA SIMONCELLO, LARYSSA ALVES DE FARIAS, FELIPE YOITI FUGIWARA, GABRIEL JOSÉ REDONDANO DE OLIVEIRA, LUIS ANTÔNIO BORGES