Dados do Trabalho


Título

Manejo anestésico para cesariana de emergência por esteatose hepática aguda com falência renal: um relato de caso

Descrição

Introdução: a esteatose hepática aguda na gestação (EHA) é uma complicação obstétrica rara e grave. Sua incidência é de 1:10.000 partos e afeta mulheres de distintas características epidemiológicas. Ocorre principalmente no terceiro trimestre, entre 30-38 semanas. Seu diagnóstico é baseado nos critérios de Swansea e pode cursar com coagulopatia, falência hepática e renal, sendo o manejo anestésico fundamental para uma cesariana de emergência

Relato: Mulher, 29 anos, 1,64m, 94kg, 34 semanas, da entrada em PS por queixa de náusea e dor em hipocôndrio D. Em exame físico apresenta icterícia 2+/4+. Em laboratoriais: Hb 13,9; Ht 36,8; Leuco 20020; PLQ 87000; TGO 1005; TGP 796; RNI 2,61; TP 40,8; Creat 5,4; Ureia 57; Na 127; K 2,1. Aventado hipótese de EHA e optado por resolução da gestação pela equipe obstétrica. Realizada monitorização de sinais vitais além de venóclise ab18. Indução de anestesia geral balanceada em Sequencia Rápida de Intubação com videolaringoscopia, TOT número 7 com cuff. Administrado 200 fenta, 20mg etomidato e 100mg suxametônio. Obtido PAMI e CVC duplo lúmen. Em gasometria arterial Ph 7,27; PCO2 38 mmHg; PO2 135 mmHg; Hb 7,8 mmol/L; Ca 0,86 mmol/L; Glicemia 68 mg/dL; K 2,4 mmol/L; Na 127 mmol/L, Bic 17,4 mmol/L. Realizado reposição com 1 ampola de glicose 50%, 2 ampolas de gluconato de cálcio 10% e KCl em infusão contínua. Após o nascimento, paciente evoluiu com atonia uterina com necessidade de ocitocina IV, 1g transamin, ergometrina IM e sutura de b-lynch. Realizado transfusão de 1 CHA e 3 PFC. Em nova gasometria: Ph 7,34; Ca 0,79 mmol/L e Glicemia 56mg/dL. Realizado nova correção sem sucesso com necessidade de bomba de infusão contínua. Ao término do procedimento, paciente foi extubada e levada para recuperação em leito de UTI para correção de distúrbios hidroeletroliticos. Ademais, paciente evoluiu com necessidade de hemodiálise.

Discussão: a principal dificuldade no atendimento de uma paciente com EHA seria sua diferenciação de uma síndrome HELLP. A presença de hipoglicemia com alargamento do coagulograma ajudam na diferenciação. Para auxiliar no diagnóstico, utilizamos o score de Swansea. Uma vez estabelecido o diagnóstico é fundamental o controle dos complicadores associados à doença como os distúrbios hidroeletrolíticos e hipoglicemia refratária, além da reposição de fatores pro coagulantes como PFC e antifibrinolÍticos em caso de hemorragia. A fluidoterapia é fundamental para evitar piora da insuficiência hepática e renal. Apesar do manejo adequado, a resolução da gestação é a única cura da condição.

Referência 1

ADEMILUYI, A; AMAKYE, DO; JACKSON, N; BETTY S. Acute Fatty Liver of Pregnancy. Am J Case Rep, 22, e 933252, 2021. DOI: https://doi.org/10.12659/AJCR.933252

Referência 2

Alves, B.C.F. e Neto, A.B. 2023. Esteatose Hepática Aguda Da Gestação: Relato De Caso. Journal of Medical Residency Review. 2, 1 (nov. 2023), e050. DOI:https://doi.org/10.37497/JMRReview.v2i1.50.

Palavras Chave

Esteatose hepática gestação

Área

Anestesia Obstétrica

Fonte de financiamento

Instituição de Origem

Instituições

CET HMCP.PONT.UNIV.CATÓLICA DE CAMPINAS - São Paulo - Brasil

Autores

JOSE VICTOR ROVERONI ZUNTINI, MALU OLIVEIRA DA CUNHA, VINICIUS DE MIRANDA MARTINHO, CAROLINA IRENE DE CARVALHO ZOLD, ISABELA DA COSTA VALLARELLI