Dados do Trabalho
Título
MANEJO ANESTÉSICO E INTRAOPERATÓRIO EM TRANSPLANTE HEPÁTICO: RELATO DE CASO COM TROMBOEMBOLISMO MACIÇO E FALÊNCIA CARDÍACA
Descrição
INTRODUÇÃO: O transplante hepático é uma intervenção cirúrgica de alta complexidade, frequentemente, realizada em pacientes com doença hepática avançada e comorbidades significativas. A avaliação pré-anestésica e o manejo intraoperatório destes pacientes são críticos para o sucesso do procedimento e para minimizar complicações. RELATO DE CASO: Mulher, 50 anos, portadora de cirrose hepática gordurosa não alcóolica, descompensada por encefalopatia, ascite, anasarca e varizes esofagianas, além de possuir vastas comorbidades, recebeu indicação para transplante hepático. Enquanto aguardava o transplante, a paciente apresentou piora da ascite e necessidade de paracentese, ocasião em que foram retirados 3,3L. Após cinco dias, a paciente retornou ao hospital devido a piora da creatinina e preocupações acerca de lesão renal aguda. Foram aventadas hipóteses como causa pré-renal devido ao grande volume retirado por meio da paracentese e a baixa ingesta hídrica, além de síndrome hepatorrenal e causas pós obstrutivas. No intraoperatório, apresentou fase pré anepática e anepática sem intercorrências, de forma que não foi necessário transfusão sanguínea ou qualquer tratamento coagulante. Todavia, no período neohepático, a paciente evoluiu com tromboembolismo maciço e falência de ventrículo direito culminando em parada cardiorrespiratória (PCR). Foi reanimada por cerca de 5 minutos e, durante esse período, foi infundido 2mg de alteplase (r-TPA) com dissolução do coágulo e retorno da circulação espontânea. Ao final da cirurgia, não havia presença de coágulo no átrio e ventrículo direitos, e a função cardíaca era normal. Em virtude do r-TPA, a paciente evoluiu com hemorragia difusa e foi politransfundida no intraoperatório, transportada para Unidade de Terapia Intensiva (UTI) com abdome aberto e trazida para o centro cirúrgico no terceiro dia pós operatório para revisão de hemostasia e fechamento. Após a segunda cirurgia, a paciente foi extubada, apresentando-se neurologicamente intacta e com função cardiorrespiratória normal. Na UTI, evoluiu inicialmente com disfunção do enxerto hepático (provavelmente pela PCR e consequente RCP) que se recuperou na primeira semana, porém teve piora de função renal com necessidade de hemodiálise. Na segunda semana, a paciente já possuía programação de alta hospitalar, com bom funcionamento de enxerto hepático e não necessitando mais de diálise. DISCUSSÃO: Este caso destaca a importância de uma avaliação e manejo perioperatório detalhados e personalizados em pacientes com cirrose hepática avançada. A abordagem multidisciplinar, que envolve a colaboração estreita entre equipes de anestesia, cirurgia e cuidados intensivos, é essencial para lidar com as complicações graves que podem surgir. O manejo eficaz do tromboembolismo, da hemostasia e das complicações renais são fundamentais para otimizar os resultados do transplante hepático.
Referência 1
Steadman RH, Wray CL. Anestesia para o transplante de órgãos abdominais. In: Miller, RD. MILLER ANESTESIA. 8 Ed. Elsevier, 2015; 6644-6678.
Palavras Chave
Transplante hepático; Tromboembolismo Pulmonar; Ecocardiograma Transesofágico
Área
Sistemas Gastrointestinais e Hepáticos
Fonte de financiamento
Recursos Próprios
Instituições
CET SEDARE - COMPLEXO HOSP.SÃO MATHEUS - Mato Grosso - Brasil
Autores
LUCAS HENRIQUE MOURA BORGES, RAFFAEL PEREIRA CEZAR ZAMPER, RICARDO GONÇALVES PRADO, LEONARDO MORAES E SILVA BERALDI, MARA RUBIA ARAÚJO CARDOSO, MARIANA DE AGUIAR MAIA