Dados do Trabalho
Título
Anestesia para osteotomia de fêmur e tíbia em paciente com osteogênese imperfeita e acondroplasia: relato de caso
Descrição
Introdução: A osteogênese imperfeita (OI) resulta em formação defeituosa ou insuficiente do colágeno, que leva a deformidade em tecidos conjuntivos de modo geral, caracterizando um cenário de fragilidade e deformidades ósseas, além de fraturas por mínimo trauma; possui prevalência incerta, no Brasil, sendo estimada entre 1 a cada 10-20 mil nascidos em países como os Estados Unidos. Por sua vez, a acondroplasia tem uma taxa de incidência estimada de 1 a cada 20-30 mil nascidos vivos. As duas condições clínicas que coexistem no relato de caso são consideradas condições raras e genéticas.
A seguir, descrevemos o caso de uma paciente submetida a uma osteotomia de fêmur e tíbia, com uso de anestesia geral e bloqueio de nervo femoral e cutâneo lateral.
Relato de caso: Paciente feminina, 34 anos, 98 cm, 38 kgs, com diagnóstico prévio de OI tipo 3 e acondroplasia admitida para osteotomia de fêmur e tíbia. Em avaliação pré-operatória, relato de múltiplas fraturas e deformidades ósseas devido à osteogênese imperfeita. Além disso, a acondroplasia contribuiu para a baixa estatura e outras complicações anatômicas. A avaliação pré-operatória revelou fragilidade óssea acentuada e dificuldades potenciais no manejo das vias aéreas (VA) devido à anatomia craniofacial alterada. Realizada monitorização padrão com cardioscópio, oximetria de pulso e pressão arterial não invasiva. Devido às complicações potenciais e possível dispersão errática de anestésico local no neuroeixo após a raquianestesia, decidiu-se pela combinação de anestesia geral com bloqueio de nervo femoral e cutâneo lateral para controle álgico eficaz no pós-operatório.
Discussão: Pacientes com OI e acondroplasia apresentam desafios únicos para o manejo anestésico devido às suas condições médicas e características físicas, destacando a possibilidade de VA difícil e deformidades ósseas que na coluna vertebral podem dificultar bloqueios de neuroeixo ou mesmo bloqueios regionais. Este cenário leva à necessidade de planejamento com cuidados redobrados em todas as etapas que antecedem e precedem a anestesia - como o transporte, posicionamento e até mesmo a escolha dos anestésicos, uma vez que todos esses momentos podem conferir risco, em especial de fraturas. Além disso, há ainda a possibilidade da coexistência de outras comorbidades que aumentam o risco anestésico já inerente, como a obesidade e apneia obstrutiva do sono. Em conclusão a conduta deve ser individualizada e levar em consideração os diversos cenários complicadores devido a coexistência dessas duas condições clínicas.
Referência 1
Erdoğan MA, Sanlı M, Ozcan Ersoy M. Conduta anestésica em criança com osteogênese imperfeita e hemorragia epidural. Rev Bras Anestesiol [Internet]. 2013Jul;63(4):366–8. Available from: https://doi.org/10.1016/j.bjan.2012.07.007
Referência 2
Kim JH, Woodruff BC, Girshin M. Anesthetic Considerations in Patients With Achondroplasia. Cureus. 2021 Jun 22;13(6):e15832. doi: 10.7759/cureus.15832. PMID: 34322329; PMCID: PMC8297512.
Palavras Chave
Osteogênese Imperfeita; osteotomia; acondroplasia
Área
Tratamento de Trauma/Queimaduras
Fonte de financiamento
Recursos Próprios
Instituições
CET S.A.HOSP.CLIN.FAC.MED.UFMG - Minas Gerais - Brasil
Autores
CAMILA BORGES FERREIRA, MARCOS SILVEIRA CRISANTO, NIKOLAS FERREIRa SANTOS, LARISSA CAROLINE BARBOSA, CARLA MÁRCIA SOARES, PITHER PAUL SILVA LEITE