Dados do Trabalho


Título

VIA AÉREA DIFÍCIL EM PACIENTE COM ARTRITE REUMATÓIDE : UM RELATO DE CASO

Descrição

INTRODUÇÃO: A artrite reumatoide é uma doença crônica autoimune inflamatória sistêmica que afeta principalmente a membrana sinovial das articulações. O manejo da via aérea desses pacientes requer atenção especial por parte do médico anestesiologista, devido ao comprometimento das articulações, especialmente da coluna cervical e temporomandibulares, o que pode dificultar a intubação orotraqueal devido às limitações no posicionamento e manejo adequado do paciente. Ao conhecer o diagnóstico e realizar um exame físico detalhado das vias aéreas, o anestesiologista pode antecipar e preparar-se para enfrentar possíveis desafios.

RELATO DO CASO: Paciente masculino, 40 anos de idade, 74 kg, ASA II, tabagista (10 maço-ano), portador de artrite reumatoide. Com indicação para microcirurgia de laringe devido a lesão em aritenoides. No pré-operatório, observou-se importante limitação da abertura bucal (dois dedos) e da extensão cervical, além de deformidade em membros superiores (MMSS), com cotovelos em semi-flexão, quirodáctilos fletidos em ambas as mãos e joelhos valgos. Hipotrofia em MMSS e membro inferior (MMII), com déficit de força de grau 3 para MMSS. O paciente apresenta déficit de coordenação, equilíbrio dinâmico e marcha claudicante, com limitação para caminhadas, subir/descer escadas e posturas viciosas prolongadas. O relatório médico de outro serviço informou uma falha na intubação orotraqueal, resultando na suspensão do procedimento planejado. A estratégia anestésica escolhida envolveu intubação orotraqueal com o paciente acordado, utilizando fibrobroncoscópio flexível, com administração de 100 mcg de fentanil intravenoso (IV), associada ao bloqueio do nervo laríngeo recorrente por técnica translaríngea. Após a visualização das cordas vocais, o tubo orotraqueal 6.0 com cuff foi introduzido. Realizou-se indução venosa com 150 mg de propofol IV, 60 mg de lidocaína 2% SVC IV, 100 mg de fentanil IV e 50 mcg de rocurônio IV. Durante a manutenção anestésica, o paciente evoluiu com estabilidade clínica e hemodinâmica, sem intercorrências. O bloqueio neuromuscular foi revertido com sugamadex 200 mg IV. O paciente despertou lúcido, sem queixas relatadas, e foi encaminhado ao SRPA com pontuação de 10 na escala de Aldrete.

DISCUSSÃO: Pacientes com artrite reumatoide representam um desafio significativo para a condução anestésica devido à alta probabilidade de apresentarem via aérea difícil. A intubação utilizando fibrobroncoscópio flexível com o paciente acordado e em ventilação espontânea é considerada o padrão-ouro para esses casos. A falha na intubação pode resultar em uma emergência crítica de "não intubo, não ventilo", com aumento da morbi-mortalidade. A intubação durante ventilação espontânea, com sedação leve ou apenas anestesia tópica das vias aéreas, é uma técnica recomendada. A avaliação das vias aéreas em pacientes com essa comorbidade pode ser menos precisa na detecção de dificuldades de intubação.

Referência 1

VIEIRA, Eneida Maria; GOODMAN, Stuart; TANAKA, Pedro Paulo. Anestesia e artrite reumatoide. Revista Brasileira de Anestesiologia, v. 61, p. 371-375, 2011.

Referência 2

AIRES, Rodrigo Barbosa; CARVALHO, Jozélio Freire de; MOTA, Licia Maria Henrique da. Avaliação anestésica pré-operatória de pacientes com artrite reumatoide. Revista Brasileira de Reumatologia, v. 54, n. 3, p. 213-219, 2014.

Palavras Chave

artrite reumatóide; Via aérea difícil

Área

Gerenciamento de vias aéreas

Fonte de financiamento

Recursos Próprios

Instituições

RESIDÊNCIA - HOSPITAL SANTO ANTONIO BA ASSOCIAÇÃO OBRAS SOCIAIS IRMÃ DULCE - Bahia - Brasil

Autores

AUGUSTO OLIVEIRA AMOR RIBEIRO COELHO, FLAVIA MOREIRA SOARES, JOAO PEDRO SILVA SANTOS, DIJALMA AGUIAR GUEDES AGUIAR, ANA CLAUDIA MORANT BRAID, FABIO FRANCISCO FERREIRA SOUZA