Dados do Trabalho
Título
Relato de caso: preparo e manejo de intubação traqueal acordada com videolaringoscópio em paciente de difícil ventilação e intubação por tumor em nasofaringe
Descrição
INTRODUÇÃO: Situações de via aérea difícil são as causas de maior mortalidade e morbidade relacionadas ao ato anestésico. A avaliação prévia da via aérea permite a predição de dificuldade em 98% dos casos e possibilita o planejamento e aplicação de estratégias para garantir a segurança do paciente. A manutenção da oxigenação é primordial no manejo dessas situações e a intubação acordada é uma das técnicas que possibilitam isso. RELATO DE CASO: Homem, 85 anos, sem comorbidades. Histórico de neoplasia de esôfago em 2018, tratada exclusivamente com quimio e radioterapia. Admitido em bloco cirúrgico para realização de rinectomia total por carcinoma espinocelular em cavidade nasal. Ao exame físico apresentava deformidade facial por lesão vegetante de grande volume em nasofaringe, obstruindo ambas as narinas e palato; edêntulo, Mallampati: IV. Diante dos preditores de via aérea difícil e ventilação impossível, optamos por intubação orotraqueal com o paciente acordado. Explicamos ao paciente sobre o procedimento proposto e obtivemos autorização para sua realização. Checagem e separação de equipamentos para acesso à via aérea em caso de falha na técnica inicial. Sedação com fentanil e midazolam, seguida por anestesia tópica do nervo glossofaríngeo associada à translaríngea e laríngea superior com lidocaína. Intubação feita com o paciente cooperativo, com auxílio de videolaringoscópio e bougie, sem intercorrências. Indução de anestesia geral com propofol, fentanil e rocurônio, manutenção com sevoflurano. Paciente extubado em sala, sem intercorrências. DISCUSSÃO: O paciente citado apresentava preditores importantes de ventilação e intubação difíceis, destacando-se a deformidade em anatomia oral e nasal causada pelo tumor, justificando a opção em mantê-lo colaborativo e em ventilação espontânea até que a via aérea definitiva fosse garantida. Na técnica utilizada, foi fundamental a orientação e cooperação do paciente, sendo sua recusa a principal contraindicação ao procedimento. Apesar de mais utilizada, a fibroscopia não é a única técnica disponível para a realizaçãode intubação traqueal acordada, sendo também possível o uso de intubação nasal às cegas, laringoscopia direta, traqueostomia ou videolaringoscopia, como no caso relatado. O pilar da técnica de intubação acordada é a anestesia tópica das vias aéreas, podendo ser complementada com o bloqueio do nervo laríngeo superior, laríngeo recorrente e glossofaríngeo. Apesar de a sedação ser opcional para o procedimento, ajuda a fornecer melhores condições de intubação e proporciona conforto e alguma amnésia, mantendo a ventilação espontânea e responsividade quando feita da forma correta. O uso de midazolam em doses até 0,05 mg/kg associado ao fentanil até 1,5mcg/kg é amplamente difundido por ser uma técnica simples e que garante amnésia, relaxamento e analgesia, sem comprometer a respiração.
Referência 1
de Oliveira Sampaio, T., & Júnior, J. M. S. Via aérea difícil: abordagem pela técnica de intubação acordado: Difficult airway: approach by awake intubation technique. Revista Científica do Iamspe. 2023; 12: 58-66.
Palavras Chave
Via aérea difícil; Intubação acordada;
Área
Gerenciamento de vias aéreas
Fonte de financiamento
Recursos Próprios
Instituições
CET DO HOSPITAL LUXEMBURGO - BH - Minas Gerais - Brasil
Autores
VIVIAN SYRIO PESSOA, LEANDRO PEREIRA VIEIRA