Dados do Trabalho


Título

Remifentanil na analgesia sistêmica para o trabalho de parto: relato de caso

Descrição


Introdução: Atualmente, as técnicas neuroaxiais, especialmente a combinação de raqui-peridural, são consideradas o padrão-ouro para o controle da dor durante o trabalho de parto. No entanto, essas técnicas podem não ser possíveis em algumas situações devido a contraindicações maternas absolutas ou relativas. Nesses casos, o Remifentanil pode ser uma alternativa viável, desde que haja uma monitorização adequada da paciente, uma via venosa exclusiva para a medicação, uma bomba de infusão contínua com equipo compatível, e acompanhamento fetal pela equipe obstétrica. A dose recomendada de Remifentanil em infusão contínua varia de 0,025 mcg/kg/min a 0,150 mcg/kg/min, oferecendo uma combinação de segurança, eficácia e redução dos sintomas do trabalho de parto, sem interferir em sua evolução natural.
Relato de Caso: EFG, 37 anos, 88 kg, 165 cm, G5P2nA2, IG 37s5d, solicitou analgesia durante o trabalho de parto com 5 cm de dilatação cervical e escore de dor 9/10. Na avaliação pré-anestésica à beira-leito, a paciente relatou histórico de exérese cirúrgica de ependimoma medular há dois anos, com cicatriz fibrótica extensa de L1 a S1 e ocasional parestesia em membros inferiores. Devido à queixa neurológica transitória e à presença da cicatriz fibrótica, foi decidido em conjunto a realização de analgesia sistêmica com Remifentanil em infusão contínua. A paciente foi monitorizada com eletrocardioscópio, pressão não invasiva e oxímetro de pulso. Foi inserida uma via venosa periférica exclusiva para medicação, fornecido suporte de oxigênio com cateter nasal, e iniciada infusão de Remifentanil na dose de 0,04 mcg/kg/min. A analgesia proporcionou controle álgico satisfatório (escore 4/10). Após duas horas, a paciente relatou aumento da dor, com (escore 8/10), e a dose foi ajustada para 0,08 mcg/kg/min, resultando em um novo controle da dor (escore 3/10). Quatro horas após o início da analgesia, a criança nasceu por parto normal, com APGAR de 7 e 10. A infusão de Remifentanil foi suspensa, e trinta minutos depois, sem queixas e com sinais vitais normais, a paciente foi transferida para o alojamento conjunto com o recém-nascido.
Discussão: A analgesia sistêmica com Remifentanil durante o trabalho de parto tem se mostrado uma alternativa eficaz para a redução da dor em gestantes que apresentam contraindicações às técnicas neuroaxiais ou que se recusam ao procedimento. O Remifentanil é metabolizado por esterases plasmáticas não específicas, o que resulta em uma depuração rápida e previsível, permitindo uma titulação precisa do efeito sem acumulação. Os neonatos metabolizam o Remifentanil de forma eficaz, o que minimiza o risco de depressão respiratória prolongada ao nascimento. É essencial respeitar a dose máxima recomendada do fármaco e manter uma monitorização materna e fetal adequada para garantir uma evolução segura do trabalho de parto.

Referência 1

SOARES, E. C. S. et al.. Remifentanil em analgesia para o trabalho de parto. Revista Brasileira de Anestesiologia, v. 60, n. 3, p. 334–346, maio 2010.

Referência 2

ARISTIZABAL LINARES, Juan Pablo; LONDONO RUIZ, Juan Diego. Remifentanil como alternativa para analgesia obstétrica. Rev. colomb. anestesiol., Bogotá , v. 34, n. 4, p. 274-277, Nov. 2006.

Palavras Chave

Remifentanil; Dor; Analgesia

Área

Anestesia Obstétrica

Fonte de financiamento

Recursos Próprios

Instituições

CET DO HOSP.SÃO FRANCISCO DE RIB.PRETO - São Paulo - Brasil

Autores

THAISE SILVA HERMES , MARIA JULIA FERREIRA DE ANDRADE, MÁRCIA AMARAL , MATHEUS LOHNER LIMA SILVA , SERGIO PINTO OLIVEIRA , EDUARDO MANSO DE CARVALHO ANDRADE