Dados do Trabalho
Título
MANEJO ANESTÉSICO PARA COLECTOMIA ESQUERDA EM PACIENTE COM ESTENOSE AÓRTICA GRAVE: RELATO DE CASO
Descrição
Introdução: A estenose aórtica (EA) é grave quando a área valvar é inferior a 1cm2 ou quando o gradiente médio de pressão é > 40mmHg. Os pacientes podem apresentar dispneia, angina ou síncope. Pacientes assintomáticos e sem disfunção ventricular esquerda podem ser sconsiderados a serem submetidos a cirurgia eletiva não-cardíaca previamente à correção valvar. Relato de caso: Homem, 70 anos, IMC: 19,6 Kg/m², diabético tipo 2, ASA 3, programado para colectomia aberta. Referia um episódio de síncope. Negava angina, dispneia, alergias e cirurgias intracavitárias prévias. ECOTT: FE 79%, valva aórtica bicúspide, estenose aórtica com área valvar de 0.6 cm2, gradiente sistólico transvalvar de 50mmHg. Admitido em sala cirúrgica, apresentava PAM 78 mmHg, SatO2 100%, FC 73 bpm. Realizada raquianestesia com 2,5mg de bupivacaína hiperbárica associada a 2mcg de sufentanil e 100mcg de morfina associada a peridural torácica baixa com passagem de cateter. Realizada cateterização de artéria radial e monitorização hemodinâmica com Acumen ®, com arâmetros iniciais: PAM 72, IC 3.4, VS: 69, VVS: 7, dP/dT:533, Eadyn: 2.1 e HPI 82/100. Para indução da anestesia geral foi administrado 150mcg de Fentanil, 60 mg de Lidocaína, 15mg Etomidato e 50 mg de Rocurônio, intubação sem dificuldades, manutenção com sevoflurano e remifentanil. Após indução as gasometrias eram normais. Cerca de 30 minutos após a indução, evoluiu com taquicardia sinusal de 120 bpm, apesar da infusão contínua de remifentanil e doses de ropivacaína via epidural. Apresentou queda de VS e dP/dT com IC limítrofe. Gasometrias arterial e venosa permaneceram sem alterações. Foi administrado 5mg de metoprolol em bolus fracionados, com melhora de VS e dP/dT, aumento de IC e queda de FC para 80 bpm. Após 2 horas evoluiu com hipotensão, porém sem aumento de VVS e sem queda de dP/dT, sendo iniciada noradrenalina 0,6mcg/kg/min com resposta favorável. Ao término da cirurgia, após reposição de 2850ml de cristaloide, evoluiu com VVS de 16 e Eadyn 1.3 e aumento de lactato para 2,5 mmol/l. Administrado 500 ml de RL, evoluindo com queda de VVS, Eadyn e lactato. Extubado e encaminhado a UTI hemodinamicamente estável, com noradrenalina em 0,1mcg/kg/min. Apresentou evolução favorável e alta hospitalar. Discussão: Em pacientes com EA grave, os cuidados indispensáveis para prevenção de complicações envolvem: a manutenção do ritmo sinusal, prevenção de taquicardia ou bradicardia, prevenção de alterações repentinas da RVS e a otimização do volume intravascular. Nesse contexto, torna-se imprescíndivel a monitorização hemodinâmica avançada, para que que seja possível uma terapia guiada por metas como fator modificador de desfechos.
Referência 1
Samarendra P, Mangione MP. Aortic stenosis and perioperative risk with noncardiac surgery. J Am Coll Cardiol. 2015 Jan 27;65(3):295-302
Referência 2
Herrera RA, Smith MM, Mauermann WJ, et al. Perioperative management of aortic stenosis in patients undergoing non-cardiac surgery. Front Cardiovasc Med. 2023 Apr 6;10:1145290
Palavras Chave
Estenose aórtica
Área
Medicina Perioperatória
Fonte de financiamento
Recursos Próprios
Instituições
CET DR. OTÁVIO DAMÁZIO FILHO - Pernambuco - Brasil
Autores
RAQUEL ANNE MONTEIRO, RUTH ELISA FREITAS, JAME AUXILIADORA AMORIM, VICTOR FAJARDO CORREIA LANDIM