Dados do Trabalho
Título
Uso de de Isoproterenol em conduta anestésica de neurocirurgia
Descrição
Introdução:
A anestesia para procedimentos neurocirúrgicos demanda preservação da fisiologia do sistema nervoso central - autorregulação do fluxo sanguíneo cerebral, pressão de perfusão cerebral, resposta ao CO2 e consumo de O2 - afim de reduzir os insultos cirúrgicos ao tecido cerebral e proporcionar ao cirurgião uma abordagem adequada. Escolher qual a melhor técnica anestésica e drogas a serem utilizadas em cada paciente é fundamental para o sucesso dos casos que anestesiamos.
Relato de Caso:
Mulher de 66 anos, histórico de diabetes mellitus, hipertensão arterial sistêmica, dislipidemia e trombofilia (mutação do gene da protrombina, mutação do gene A1298c e polimorfismo PAI-1), foi submetida a uma reoperação de hemangioblastoma de ângulo ponto-cerebelar direito que durou cerca de 16 horas.
Realizada anestesia venosa total (fentanil, remifentanil, propofol, dexmedetomidina, rocurônio), intubação orotraqueal, monitorização básica, BIS, pressão arterial invasiva em artéria radial direita associada a monitor de débito cardíaco.
Ao início do procedimento foi verificado que o índice cardíaco (IC) da paciente era de 1,2L/min/m2 devido uma frequência cardíaca (FC) de 48bpm, e sua variação de volume sistólico (VVS) 12%. Foi iniciada administração de Dopamina 5mcg/kg/min com ajuste da dose até 2mcg/kg/min, respondendo com taquicardia e hipertensão, com evolução para IC 2L/min/m2, VVS 8%, elastância dinâmica (Eadyn) 0,4 e pressão arterial sistólica de (PAS) 130-140mmHg. Em razão da piora da visualização do campo cirúrgico por maior sangramento, foi optado por cessar a Dopamina e iniciar Isoproterenol 1mcg/min com melhora do IC para 2.6L/min/m2, Eadyn 1.1, VVS 15%, FC 71bpm, PAS 120mmHg, tendo melhora do campo cirúrgico e uma boa estabilidade durante todo o restante do procedimento.
Após o término do procedimento, a paciente foi extubada e encaminhada à unidade de terapia intensiva estável para recuperação pós-operatória imediata, na qual permaneceu por dois dias.
Discussão e conclusão:
Os trabalhos que envolvem pesquisas sobre drogas vasoativas datam do século passado e mostram o efeito da substância, benefícios e malefícios em comparação a outras drogas que possuem efeitos semelhantes. Porém, atualmente, vemos cada vez mais trabalhos que discutem como podemos melhorar a oferta tecidual de oxigênio e como a monitorização hemodinâmica correta pode nos auxiliar nisto.
A dobutamina, classicamente em doses de 2 a 10mcg/kg/min, apresenta ação agonista predominante sobre receptores beta, causando aumento do débito cardíaco por aumento da contratilidade e FC, redução da resistência vascular sistêmica (RVS) e elevação da resistência vascular periférica (RVP). O isoproterenol é um agonista beta 1 e 2 puro, levando a aumento da FC, contratilidade e débito cardíaco, e reduz RVS e RVP.
Conhecer a farmacologia das substâncias acima e avaliar a resposta fisiológica diante das condutas tomadas resultou num adequado manejo anestésico e melhor desfecho para a paciente.
Referência 1
Dodge, Harold T.; Lord, John D.; Sandler, Harold. Cardiovascular effects of isoproterenol in normal subjects and subjects with congestive heart failure. American Heart Journal, v. 60, n. 1, p. 94-105, 1960.
Referência 2
Rigaud, M., Boschat, J., Rocha, P., et al. Comparative haemodynamic effects of dobutamine and isoproterenol in man. Intensive care medicine, v. 3, p. 57-62, 1977.
Palavras Chave
neuroanestesia; isoproterenol
Área
Neurociência e Anestesia Neurocirúrgica
Fonte de financiamento
Recursos Próprios
Instituições
CET EM ANESTESIOLOGIA DO HOSPITAL MORIAH - São Paulo - Brasil
Autores
CAROLINA KOVALESKI DE SOUZA, ALICE JIMENEZ KOYAMA, MATHEUS MIRANDA, CINTHIA NARDY PAULA RAZUCK, DINA MIE HATANAKA, CAROLINA BAETA NEVES DUARTE FERREIRA