Dados do Trabalho


Título

INTUBAÇÃO ACORDADO EM PACIENTE COM ESCLEROSE MÚLTIPLA E MASSA MEDIASTINAL: RELATO DE CASO

Descrição

INTRODUÇÃO A massa mediastinal anterior representa um desafio anestésico, pelo potencial risco de compressão das vias aéreas e colapso hemodinâmico. O posicionamento, manipulação cirúrgica e ventilação com pressão positiva podem gerar instabilidade cardiovascular. O bloqueio neuromuscular durante a anestesia geral pode propiciar a compressão de grandes vasos e vias aéreas. A tomografia computadorizada evidencia alguns sinais sugestivos de maior risco, como diâmetro da traqueia ≤70% do normal e compressão da carina ou brônquios. Sinais e sintomas como ortopnéia, edema em tronco, estridor, sibilos, síndrome de veia cava superior sugerem maior risco de complicações no intraoperatório. RELATO DE CASO Feminina, 46 anos, 56 Kg, em cuidados paliativos, acamada, com úlcera lombossacra de grande dimensão, portadora de esclerose múltipla, osteoporose e Linfoma Hodgkin Clássico estádio II, massa bulky mediastinal anterior de dimensões 7.7 x 5.1cm. TC evidenciou íntimo contato com a aorta, ramos supra-aórticos, tronco pulmonar e veia cava superior, além de dilatação difusa do esôfago, com estase a montante. Paciente apresentou fratura diafisária do fêmur esquerdo, com proposta de osteossíntese. Optado pela anestesia geral com intubação orotraqueal (IOT) acordada. Após monitorização, foi administrada Dexmedetomidina, bólus de 1 mcg/kg EV por 10 minutos, seguido de infusão contínua de 0,3 mcg/kg/hora durante IOT e ato cirúrgico. Realizada anestesia tópica com lidocaína na base da língua, orofaringe, hipofaringe e estruturas laríngeas. Inserção de broncofibroscópio até visualização de corda vocal, com administração de lidocaína em região periglótica através do aparelho, recuado em seguida. Reintroduzido então com tubo orotraqueal 7,5 mm, posicionado sob visualização. IOT confirmada por capnografia e exame físico. Administrados propofol 30 mg, cetamina 50 mg e manutenção com sevoflurano. Bloquedores neuromusculares não foram administrados. Após fixação de haste medular ortopédica, foi realizado bloqueio da fáscia ilíaca suprainguinal guiado por ultrassonografia, com ropivacaína 0,5% 15ml e passagem de cateter de infusão contínua, com ropivacaína 0,2% a 4ml/h. Paciente extubada e encaminhada estável hemodinamicamente. DISCUSSÃO A realização de anestesia geral em pacientes com massas mediastinais anteriores é um desafio, devido ao risco de colapso da via aérea, após a indução da anestesia. O bloqueio de neuroeixo foi contraindicado devido à extensa lesão no local da punção. Diante do risco de aspiração secundário à estase esofágica importante e da íntima relação dos grandes vasos optou-se pela IOT acordado. A eleição pela anestesia geral, sem o uso de bloqueadores neuromusculares e a manutenção da ventilação espontânea foi adotada como estratégia de segurança, contemplando ambas as comorbidades apresentadas e garantindo as vias aéreas pérvias.

Referência 1

Lasala, Javier. Purugganan, Ron. Anesthesia for patients with an anterior mediastinal mass. UpToDate, 2024. Disponível em: https://www.uptodate.com/contents/anesthesia-for-patients-with-an-anterior-mediastinal-mass. Acessado em: 28/06/2024.

Referência 2

Scrace, Barnaby. McGregor, Kylie. Anterior mediastinal masses in pediatric anesthesia. World Federation of Societies of Anesthesiologists 2015.

Palavras Chave

Intubação; Manuseio das Vias Aéreas

Área

Gerenciamento de vias aéreas

Fonte de financiamento

Recursos Próprios

Instituições

CET S.A.HOSP.CLIN.FAC.MED.UFMG - Minas Gerais - Brasil

Autores

ANA LUÍZA DE CASTRO CARVALHO, IZABELA SILVA COELHO, ARTHUR RESENDE FERNANDES, BRUNA CARVALHO OLIVEIRA, THOBIAS ZAPATERRA CESAR, CARLA MÁRCIA SOARES