Dados do Trabalho
Título
Estratificação de risco como definidora da técnica anestésica em cesariana de gestante com Transposição de Grandes Vasos corrigida: Relato de Caso
Descrição
Introdução: A transposição de grandes vasos (TGV) é cardiopatia congênita rara, caracterizada pela troca de posição entre a aorta e a artéria pulmonar, que resulta em circulação sanguínea anômala. Durante a gestação, cardiopatias são incomuns, ocorrendo em cerca de 1% das pacientes. Este relato descreve o manejo anestésico de gestante com TGV submetida à raquianestesia para cesárea. Relato de Caso: Paciente de 29 anos, 81 kg, 152 cm, com TGV corrigida por switch atrial aos oito anos. Em uso de sulfato ferroso, ácido fólico, AAS 100 mg/dia e carbonato de cálcio. ECG com ritmo sinusal, BRD completo e sobrecarga de ventrículo direito (VD). Ecocardiograma mostrou aumento do volume e hipertrofia do VD, disfunção leve a moderada do VD e fração de ejeção (FE) de 68%. Ecocardiografia fetal e ultrassonografia obstétrica sem alterações. A paciente estava em bom estado geral e sua capacidade funcional foi avaliada em mais de 4METs. Optou-se pela raquianestesia devido ao status hemodinâmico compensado, sem sinais de falência cardíaca ou sobrecarga volêmica. Monitorização de pressão arterial invasiva através de artéria radial direita, além da monitorização padrão. Foi utilizado acesso venoso 16G e a hidratação total foi de 750 mL. A punção subaracnoide foi realizada sem intercorrências, com administração de 12 mg de bupivacaína hiperbárica e 60 µg de morfina. Profilaxia para endocardite foi realizada. O procedimento transcorreu sem intercorrências, sem necessidade de vasopressores de resgate. A paciente foi encaminhada à unidade de cuidados intensivos no pós-operatório e recebeu alta para o alojamento conjunto no dia seguinte, sem complicações. Discussão: A estratificação de risco deve considerar as alterações hemodinâmicas fisiológicas da gravidez e a doença cardíaca subjacente. A classe funcional NYHA III ou IV é fator independente para desfecho negativo no prognóstico perinatal. A hipertensão pulmonar (HAP) da gestante era limítrofe, assim o risco à intolerância das alterações gravídicas e de morbimortalidade foram avaliados como menores. A falência ventricular direita e deterioração clínica perioperatória devem sempre ser lembrados no cenário da HAP grave. A opção pela raquianestesia foi realizada com otimização da pré-carga logo anteriormente ao bloqueio e a monitorização invasiva da pressão arterial visava correção do débito cardíaco com pequenas alíquotas de fenilefrina, em caso de necessidade. A abordagem multidisciplinar é fundamental quando da concepção e os casos precisam ser individualizados para minimizar riscos e garantir desfecho favorável.
Referência 1
Arendt, KW, Lindley, KJ. Obstetric anesthesia management of the patient with cardiac disease. International Journal Of Obstetric Anesthesia, 2019 vol. 37, pp. 73-85.
Referência 2
Oderich C, Rodini G, Salvaro R et al. Transposição de grandes vasos corrigida congenitamente e gestação : relato de caso. Revista HCPA. Porto Alegre. 2009, Vol. 29, n. 3, p. 255-257.
Palavras Chave
Transposição de grandes vasos; Gestante; raquianestesia
Área
Anestesia Obstétrica
Fonte de financiamento
Instituição de Origem
Instituições
CET PROF. SILVIO RAMOS LINS - Rio de Janeiro - Brasil
Autores
GUILHERME FERNANDES, THATIANE NOEL XIMENES, MARCELA ALMADA, GUSTAVO BARBOSA, ALBERTO VIEIRA PANTOJA, MARCO ANTONIO RESENDE