Dados do Trabalho
Título
Anestesia para parto cesárea em paciente portadora de doença renal crônica em terapia de substituição renal
Descrição
Introdução: Portadores de doença renal crônica (DRC), assim como gestantes, apresentam alterações sistêmicas que podem influenciar significativamente no ato anestésico. Combinando essas situações, o parto de uma paciente com DRC pode se mostrar um desafio em relação ao bem estar do binômio materno-fetal. Relato de caso: M.S.F., 28 anos, 63 kg, 161 cm de altura, primigesta, idade gestacional 33s+2d, em pré-natal de alto risco por hipertensão arterial crônica. Chega em nosso serviço com quadro de pré-eclâmpsia sobreposta, associado a injúria renal grave a esclarecer. Exames laboratoriais Hb: 6,7; Ht: 19,9; Plaquetas: 202000; Creatinina: 6,4; Ureia: 133,0; K: 5,4; Na: 133. Após avaliação de nefrologia, foi orientada hemodiálise. A equipe de obstetrícia indica a resolução de gestação com 34 semanas, por descompensação de doença materna. Programado com anestesiologia, realização de hemodiálise 1 dia antes do parto e meta de HB>10. Exames no dia do parto Hb:10,1; Ht 29,4; Plaquetas: 163000; Creatinina: 5,1; Ureia: 74,0; K: 4,5; Na: 138; RNI: 0,89; TTPAr: 0,76. Paciente estava em jejum de 8 horas, monitorizada com cardioscópio, oxímetro de pulso e pressão arterial não invasiva. Venoclise com Abocath 18. Realizado bloqueio de neuroeixo (BNE) por técnica de peridural, com alocação de cateter. Infundidos 15ml de Lidocaína 2% com vasoconstritor e 100mcg de fentanil espinhal. Bloqueio efetivo até nível T6. Durante procedimento cirúrgico, foram infundidos 500ml de Soro Fisiológico 0,9%, em alíquotas de 100ml. Paciente não apresentou repercussão hemodinâmica significativa. Utilizado metaraminol para ajustes pressóricos finos. Ao final do procedimento foi infundida 2mg de morfina através de cateter de peridural. Após observação clínica e garantida estabilidade hemodinâmica, paciente encaminhada a UTI, sem intercorrências. RN nascido vivo com APGAR 8/10, peso 2040g, admitido em UTIneo. Discussão: É consenso em literatura que, para parto cesárea eletivo, deve-se dar preferência para os BNE ao invés de anestesia geral. Para manter o controle pressórico em gestantes, após BNE, são recomendados aportes de volume intravenoso e uso de vasopressores. No entanto, para pacientes com DRC aportes de volume intravascular devem ser realizados com cautela. Tendo em vista o risco aumentado de sobrecarga hídrica e consequente descompensação hemodinâmica. Diante desse cenário, foi optado por um BNE peridural com alocação de cateter, devido a possibilidade de titulação dos nível do bloqueio e possivelmente uma menor repercussão hemodinâmica. Assim, evitando o uso demasiado de vasopressores e aporte de volume intravenoso. Além de poupar outros procedimentos invasivos como uma intubação orotraqueal, acesso venoso central e pressão arterial invasiva. É importante salientar a importância da coesão das equipes envolvidas para o melhor manejo e preparo pré operatório de gestantes com patologias renais.
Referência 1
Chowdhury, S.R. et al. Chronic kidney disease and anaesthesia. BJA Education, Volume 22, Issue 8, 321 - 328
Referência 2
American Society of Anesthesiologists Task Force on Obstetric Anesthesia and the Society for Obstetric Anesthesia and Perinatology: Practice Guidelines for Obstetric Anesthesia: An Updated Report. Anesthesiology 2016; 124:270–300
Palavras Chave
anestesia obstétrica - injúria renal crônica - parto cesárea
Área
Anestesia Obstétrica
Fonte de financiamento
Instituição de Origem
Instituições
CET HMCP.PONT.UNIV.CATÓLICA DE CAMPINAS - São Paulo - Brasil
Autores
OTAVIO AUGUSTO DE SOUSA MARQUES, FABIANA DI PIETRO MAGRI MAIA, CAIO HENRIQUE DI GIAIMO SILVA, JOAO MIGUEL AMORIM NETO, MONICA BRAGA DA CUNHA GOBBO, JOSE EDUARDO BAGNARA OROSZ