Dados do Trabalho
Título
Cefaleia pós-anestesia subaracnóidea com duração de quarenta e dois dias: Relato de Caso
Descrição
Introdução: Problemas técnicos, acarretando maior número de tentativas de punção para realização da raquianestesia, associados ao não uso de agulhas de ponta atraumática e fino calibre, podem, teoricamente, aumentar os riscos de cefaléia pós-raquianestesia em pacientes obstétricas. Relato de Caso: Paciente leucoderma, ASA II, 37 anos, hipertensa e pesando 80kg, foi submetida a anestesia subaracnóidea para cesariana, em outro hospital, no dia 16/03/2023, tendo sido realizadas múltiplas tentativas de punção. No intra-operatório ocorreu hipotensão severa. Cerca de dez horas após o procedimento, apresentou cefaleia frontal intensa, latejante, persistente, incapacitante, com piora na posição ortostática, necessitando permanecer em posição supina. Consultou um neurologista que realizou exames complementares (exames laboratoriais, tomografia de crânio, angiotomografia), todos sem alterações, prescrevendo amitriptilina e dipirona com cafeína, sem obter sucesso. No dia 27/04/2023, transcorridos 42 dias após o ato anestésico-cirúrgico, ainda mantinha o mesmo quadro, procurando nosso serviço de anestesiologia. Foi realizada avaliação clínica e efetuado tampão sanguíneo, com agulha Tuohy 18g, ao nível L2-L3, injetando-se 15mL de sangue autólogo. A paciente ficou em observação no hospital por seis horas e no momento da alta relatou que os sintomas praticamente haviam desaparecido. Discussão: Quando ocorre esse tipo de cefaleia, normalmente surge entre 6 e 72 horas após a punção lombar, costumando ser mais intensa quando tem início já nas primeiras 24 horas, fato que ocorreu nesse relato. Um maior número de tentativas de punção para realização da raquianestesia, por sua vez podem influenciar na incidência desse tipo de cefaleia. No que se refere ao calibre da agulha que foi utilizada, não se pode tirar conclusões, já que o procedimento foi realizado em outro serviço. O tratamento clínico preconiza repouso no leito, hidratação, analgésicos, anti-inflamatórios não esteroidais, cafeína intravenosa e consumo de produtos cafeinados, mas não foi a conduta prescrita pelo neurologista. A indicação correta, nesse caso, seria procurar um serviço de anestesiologia de hospital terciário, mas a sua condição social e domicílio em área rural dificultaram a busca por esse atendimento, o que provavelmente evitaria a cefaléia com duração tão prolongada, que a privou de desempenhar as atividades da vida diária. A regressão dos sintomas ocorre já nas primeiras horas do período pós-tampão, estando relacionado à obliteração do orifício deixado pela agulha na dura-máter, apresentando uma taxa de sucesso de 85% na primeira tentativa e, caso necessite ser realizado novamente, esta taxa sobe para 90%., No presente caso foi injetado apenas um tampão sanguíneo no espaço peridural, constatando-se a regressão do sintoma.
Referência 1
Barbosa FT – Post-Dural Headache with Seven Months Duration: Case Report. Rev Bras Anestesiol 2011; 61(3):355-59
Referência 2
Thew M, Paech MJ. Management of postdural headache in the obstetric patient. Curr Opin Anaesthesiol. 2008; 21:288-92.
Palavras Chave
Efeitos Adversos de Longa Duração; Cefaleia Pós-Punção Dural
Área
Anestesia Obstétrica
Fonte de financiamento
Recursos Próprios
Instituições
CET S.ANEST.HCFCM POUSO ALEGRE - Minas Gerais - Brasil
Autores
TAYLOR BRANDAO SCHNAIDER, HIGOR KENEDY RAMOS, DARIANA RODRIGUES ANDRADE, ADRIEL GUSTAVO LOPES