Dados do Trabalho


Título

Manejo Anestésico na Ressecção de Feocromocitoma em Paciente com Insuficiência Cardíaca e Fração de Ejeção Reduzida: Relato de Caso

Descrição

INTRODUÇÃO: O feocromocitoma consiste em uma neoplasia rara, originada a partir de células cromafins que sintetizam catecolaminas. Distúrbios orgânicos resultantes do tônus simpático aumentado podem surgir, incluindo cardiomiopatias e eventos vasculares agudos. A ressecção cirúrgica é o único tratamento curativo, requerendo preparação pré-operatória para minimizar os efeitos sistêmicos da secreção tumoral, sem consenso sobre o melhor método de bloqueio alfa e beta adrenérgicos. Neste relato de caso descrevemos a ressecção de feocromocitoma em paciente cardiopata, enfatizando os desafios do manejo hemodinâmico intraoperatório. RELATO DE CASO: Paciente SNR, 35 anos, feminino, admitida com quadro de insuficiência cardíaca descompensada perfil C e acidente vascular encefálico isquêmico, sem comorbidades prévias. Detectada massa retroperitoneal de provável etiologia adrenal com 293cm³, linfonodomegalia para-aórtica e metanefrinas urinárias elevadas, com secreção de noradrenalina. Disfunção de ventrículo esquerdo (fração de ejeção: 28%). Otimização hemodinâmica realizada em terapia intensiva (TI) e iniciado preparo pré-operatório com doxasozina e, em seguida, carvedilol. Cirurgia realizada por laparotomia xifopúbica sob anestesia geral combinada. Após admissão em sala operatória, realizada sedação leve com midazolam, seguido de anestesia peridural (T9-T10) com injeção de 10ml de ropivacaína a 0,1% e 2mg de morfina, seguido da passagem de catéter peridural. Em seguida, punção de pressão arterial invasiva e indução anestésica com etomidato, lidocaína, rocurônio e sufentanil. Manutenção do plano anestésico com sevoflurano 1.6% guiado por índice bispectral. Realizada inserção de catéter de artéria pulmonar (CAP). Paciente apresentou picos pressóricos durante laringoscopia e manipulação tumoral, sendo necessário infusão de nitroprussiato (3mcg/kg/min). Iniciada infusão de dobutamina (5mcg/kg/min), guiada pelos parâmetros do CAP. Após exclusão da drenagem venosa, paciente evoluiu com hipotensão, sendo interrompida administração de nitroprussiato e iniciado vasopressina (0,04UI/min) e noradrenalina (0,5mcg/kg/min). Realizada transfusão de 1 concentrado de hemácias e reposição volêmica guiada por metas. Paciente encaminhada a TI, extubada no mesmo dia e realizado acompanhamento com equipe de dor, com bom controle álgico. DISCUSSÃO: Na primeira fase da cirurgia, a paciente apresentou hipertensão arterial de difícil controle, por um aumento significativo da resistência vascular sistêmica (RVS). Isso levou à necessidade do uso de vasodilatadores e inotrópicos para otimizar o acoplamento ventrículo-arterial. Após exclusão da drenagem venosa tumoral, paciente evoluiu com hipotensão devido à hipovolemia, interrupção da secreção de catecolaminas pelo tumor e downregulation dos receptores alfa. Nesse contexto, destaca-se o papel essencial do CAP no manejo hemodinâmico, diante de grandes oscilações da RVS e da disfunção cardíaca grave apresentada pela paciente.

Referência 1

Naranjo J, Dodd S, Martin YN. Perioperative Management of Pheochromocytoma. J Cardiothorac Vasc Anesth. 2017 Aug;31(4):1427-1439. doi: 10.1053/j.jvca.2017.02.023. Epub 2017 Feb 4. PMID: 28392094.

Referência 2

Lentschener C, Gaujoux S, Thillois JM, et al. Increased arterial pressure is not predictive of haemodynamic instability in patients undergoing adrenalectomy for phaeochromocytoma. Acta Anaesthesiol Scand. 2009 Apr;53(4):522-7. doi: 10.1111/j.1399-6576.2008.01894.x. Epub 2009 Feb 19. PMID: 19239408.

Palavras Chave

Feocromocitoma

Área

Sistemas Endócrino e Metabólico

Fonte de financiamento

Instituição de Origem

Instituições

RESIDÊNCIA - HOSPITAL DAS CLÍNICAS DA UFMG - Minas Gerais - Brasil

Autores

ARTHUR RESENDE FERNANDES, PITHER PAUL SILVA LEITE, BRUNO PESSOA CHACON, GABRIELE FIALHO SILVEIRA, GABRIEL HENRIQUE REIS, VIVIANE FERREIRA ALBERGARIA