Dados do Trabalho
Título
Analgesia Epidural Torácica É Mais Eficaz Que Infusão De Lidocaina Intraoperatória Em Cirurgias Abdominais: Uma Meta-Análise
Descrição
Justificativa e objetivos
Estudos clínicos randomizados têm comparado a infusão intraoperatória de lidocaína com a analgesia epidural torácica como um método eficaz e alternativo para a analgesia em cirurgias abdominais. Recentemente, um estudo apontou a não inferioridade da infusão intraoperatória de lidocaina em pacientes submetidos a grandes cirurgias abdominais. Nesse contexto, nossa análise visa comparar a efetividade da infusão intraoperatória de lidocaina com a analgesia epidural torácica em cirurgias abdominais abertas e laparoscópicas
Método
O estudo foi previamente registrado no PROSPERO: CRD42024528707. Os critérios de inclusão seguiram o princípio PICO: pacientes adultos (≥18 anos) submetidos a cirurgias abdominais (P), recebendo analgesia epidural torácica (I), comparada a infusão perioperatória de lidocaina (C), e avaliação da analgesia pós-operatória (O). Realizou-se uma busca nas bases de dados MEDLINE, Cochrane Library, EMBASE e Web of Science no dia 25 de março de 2024. Realizamos a análise de desfechos categóricos a partir de risco relativo e de desfechos contínuos a partir de diferença média. Definimos a heterogeneidade a partir do teste de I2, sendo considerado significativamente heterogêneo quando I2 >40%.
Resultados
O processo de seleção incluiu 1261 artigos, com 7 estudos clínicos randomizados incluídos em nossa análise. A analgesia epidural torácica foi mais eficaz em reduzir os níveis de dor em repouso nos marcos de 2 horas (n = 335, DM = 0.72, IC 95% 0.19 a 1.25, p = 0.007423, I2 = 83%) e 24 horas do período pós-operatório (n = 431; DM = 0.18, IC 95% 0.12 a 0.23; p < 0.000001, I2 = 15%). No entanto, não foram observadas diferenças estatisticamente significativas nos marcos de 48 e 72 horas pós-operatórias. A analgesia epidural torácica foi mais eficaz em reduzir os níveis de dor ao tossir no marco de 24 horas do período pós-operatório (n = 360; DM = 0.36, IC 95% 0.19 a 0.52, p = 0.000019, I2 = 2%). Não foram observadas diferenças significativas nos marcos de 48 (n = 310; DM = 0.21, IC 95% -0.05 a 0.46; p = 0.109637, I2 = 42%) e 72 horas do período pós-operatório (n = 310; DM = 0.03, IC 95% -0.11 a 0.17; p = 0.636252, I2 = 0%). Não houve diferenças em relação a náusea e vômito pós-operatórios, tempo para primeiro flato ou duração da estadia hospitalar.
Conclusões
Nossos resultados evidenciam vantagens para o uso da analgesia epidural torácica, com melhores desfechos nos níveis de dor no primeiro dia pós-operatório, porém não houve diferenças estatisticamente significativas quanto ao segundo ou terceiro dia pós-operatório. Apesar disso, é importante reconhecer que alguns pacientes possam ter contraindicações ao uso dessa técnica, de modo que alternativas como a infusão intraoperatória de lidocaína são importantes. O uso de analgesia complementar no primeiro dia pós operatório pode ser importante nos pacientes em que se tenha optado pelo uso de infusão intraoperatória de lidocaina.
Referência 1
Casas-Arroyave FD, Osorno-Upegui SC, Zamudio-Burbano MA. Therapeutic efficacy of intravenous lidocaine infusion compared with thoracic epidural analgesia in major abdominal surgery: a noninferiority randomised clinical trial. Br J Anaesth 2023;131:947–54. https://doi.org/10.1016/j.bja.2023.07.032.
Palavras Chave
lidocaína; analgesia peridural; Metanalise
Área
Anestesia Regional
Fonte de financiamento
Recursos Próprios
Instituições
Universidade Federal da Fronteira Sul - Rio Grande do Sul - Brasil
Autores
GUSTAVO ROBERTO MINETTO WEGNER, BRUNO FRANCISCO MINETTO WEGNER, JULIA AZEDIAS, RAMON HÜNTERMANN, MANOELA LENZI PINTO, AMANDA PALHA DE SOUZA