Dados do Trabalho
Título
Relato de caso: abordagem da via aérea difícil na criança grande queimada.
Descrição
A abordagem da via aérea em grandes queimados pode se constituir em grande desafio aos anestesistas uma vez que distorções anatômicas podem tornar difícil a intubação traqueal. Na criança o desafio é ainda maior tendo em vista que não é viável realizar intubação consciente com colaboração do paciente. Desta forma, gostaríamos de relatar a intubação com fibroscopia de uma criança após grande queimadura. RELATO DE CASO: Criança de 10 anos, 19 kg, com contraturas cicatriciais em região cervical após enxertias realizadas em 2023 quando foi vítima de queimadura de 3 grau em tronco, face e membros superiores, agendada para liberação de contraturas (degola) pela cirurgia plástica sob anestesia geral. Ela apresentava limitação da extensão e flexão cervical e abertura da boca menor que 3 cm e, portanto, foi antecipado uma possível intubação traqueal difícil em consulta pré-anestésica. Na enfermaria, foi administrado como pré-anestésico 0,25mg de Alprazolam via oral e 110 mcg de Dexmetomedina via nasal e, uma hora após, foi encaminhada a sala de cirurgia, nela presentes 2 anestesistas pediátricos, 1 cirurgião torácico e 1 cirurgião plástico, todos experientes, consciente, eupneica e colaborativa. Foi iniciada ventilação sob máscara facial com O2 a 100% e indução inalatória com doses crescentes de Sevoflurano até hipnose, mantendo-se ventilação espontânea e obtido um acesso venoso periférico de calibre 22G em mão direita. O cirurgião torácico, com maior proficiência no manuseio do aparelho, realizou a videofibroscopia via nasal sendo possível identificar as pregas vocais; ao realiza-la via oral, apesar de possível introdução de bucal para passagem da fibra, não se conseguia progredir a fibra para além do palato duro. Foi realizada intubação nasal com tubo aramado 5 com cuff e confirmado posicionamento para, então, administração de 30 mcg de Fentanila, 25 mg de Cetamina e 15 mg de Rocurônio. Durante a realização da fibroscopia a criança foi mantida em ventilação espontânea com oxigenação via cateter nasofaríngeo com O2 a 100% 3l.min. No intraoperatório a anestesia foi mantida em ventilação controlada modo PCV, com Sevoflurano a 3% e infusão em BIC de Dexmetomedina 0,3 mcg.kg.min. Não houve intercorrências intraoperatorias. Ao fim da cirurgia, realizada tentativa de laringoscopia direita com lâmina curva de Macintosh 3, classificada Cormack 4, e via videolaringoscopio foi possível apenas a visualização da epiglote. Logo, foi programada extubação com criança em ventilação espontânea e consciente, com cirurgião torácico mantendo-se na sala de cirurgia no caso de falha na extubação. Após 4 horas do início do ato anestésico, a criança foi extubada sem intercorrências. CONCLUSÃO: O controle da via aérea difícil pediátrica exige do anestesista abordagem cuidadosa e planejamento com estratégicas precisas alinhadas que permitam ventilação espontânea, oxigenação e, se possível, intubação traqueal, assim como planejamento da extubação traqueal.
Referência 1
ima LC, Cumino DO, Vieira AM, Silva CAR, Neville MFL, Marques FO, Quintão VC, Carlos RV, Fujita ACG, Barros HIM, Garcia DB, Ferreira CBT, Barros GOM, Módolo NSP. Recommendations from the Brazilian Society of Anesthesiology (SBA) for difficult airway management in pediatric care. Brazilian Journal of Anesthesiology (English Edition), Volume 74, Issue 2024,744478, ISSN 0104-0014. Avaiable from: https://doi.org/10.1016/j.bjane.2023.12.002. (https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0104001423001239)
Referência 2
Black AE, Flynn PER, Smith HL, Thomas ML, Wilkinson KA. Development of a guideline for the management of the unanticipated difficult airway in pediatric practice. Cote C, editor. Pediatr Anesth [Internet]. 2015 Apr;25(4):346–62. Available from: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/pan.12615
Palavras Chave
Via aérea difícil pediátrica
Área
Anestesia Pediátrica
Fonte de financiamento
Recursos Próprios
Instituições
CET SERV.ANEST. DE CAMPO GRANDE-STA.CASA - Mato Grosso do Sul - Brasil
Autores
JULIANA BEZERRA BASTOS, MOISES SOARES DA SILVA NETO, MARINA FRANZIM MUNHOZ, EDUARDO BRANDT NUNES