Dados do Trabalho
Título
Intubação orotraquela sob auxílio de fibroscopia em paciente com Síndrome Orofaciodigital tipo IV e via aérea difícil para colecistectomia videolaparoscópica eletiva.
Descrição
INTRODUÇÃO: A síndrome orofaciodigital tipo IV (Síndrome de Baraister-Burn - SBB) é uma condição rara em que coexistem anomalias craniofaciais, orais e digitais, frequentemente associadas a dificuldade na manipulação da via aérea (VA), oferecendo desafios ao manejo anestésico. Relatamos o caso de uma paciente de 18 anos com SBB, submetida a colecistectomia videolaparoscópica (CVL) eletiva. A abordagem da VA, incluindo a escolha pela sedação consciente e estratégias específicas para intubação orotraqueal (IOT) em uma via aérea difícil (VAD), será discutida, destacando as lições aprendidas e as implicações para a prática clínica. RELATO DE CASO: Paciente do sexo feminino, 18 anos, com diagnóstico de SBB, a ser submetida a CVL. A paciente apresentava deficiência intelectual, atraso do desenvolvimento neuropsicomotor, ventriculomegalia (sem repercussão funcional), escoliose torácica e dismorfismo facial. Não possuía outras comorbidades, alergias ou medicações em uso. Havia histórico de cirurgias ortopédicas prévias, sem detalhes sobre o manejo anestésico, e os exames laboratoriais estavam normais. A avaliação pré-anestésica revelou preditores de VAD, incluindo classificação Mallampati 4, abertura oral limitada, pescoço curto e mobilidade cervical reduzida. Como pré medicação, foi administrada dexmedetomidina por via intranasal, permitindo que a paciente fosse recebida na sala de cirurgia sob sedação consciente leve. Realizada anestesia inalatória com sevoflurano e manutenção da ventilação espontânea, seguida por uma venóclise periférica. Iniciada anestesia tópica da VA com lidocaína, seguida de fibroscopia e IOT. Durante o procedimento, observou-se um episódio de laringoespasmo, resolvido rapidamente de forma espontânea. O tubo orotraqueal foi posicionado, realizada indução venosa da anestesia geral e manutenção com sevoflurano. Os atos anestésico e cirúrgico transcorreram sem intercorrências. Ao final do procedimento, a paciente foi extubada sem necessidade de reversão de bloqueio neuromuscular, conforme monitorização, e encaminhada à SRPA. O período pós-anestésico ocorreu sem complicações. DISCUSSÃO: O manejo de VAD é uma habilidade imprescindível ao anestesiologista. A existência de uma síndrome orofacial é um alerta ao profissional, que deve realizar um planejamento cauteloso, com alternativas de resgate. Em pacientes pediátricos ou com déficit intelectual a IOT com o paciente acordado pode não ser possível devido à ausência de colaboração. Foi optada pela indução anestésica inalatória com aumento progressivo de sevoflurano, com o intuito da manutenção do drive respiratório durante a anestesia tópica e fibroscopia, visto a imprevisibilidade do acesso a VA devido à questão anatômica. Essa é uma alternativa viável em pacientes com dismorfismo orofacial e VAD no qual a IOT acordado não é possível.
Referência 1
National Organization of Rare Disorders (NORD). Oral-Facial-Digital Syndrome. Disponível em: https://rarediseases.org/rare-diseases/oral-facial-digital-syndrome/. Acessado em: 12/07/2024;
Referência 2
Online Mendelian Inheritance in Man (OMIM). OROFACIODIGITAL SYNDROME IV - OFD4. Disponivel em: https://omim.org/entry/258860. Acessado em: 12/07/2024;
Palavras Chave
Síndromes orofaciodigitais; Relatos de casos; Manuseio das Vias Aéreas;
Área
Gerenciamento de vias aéreas
Fonte de financiamento
Recursos Próprios
Instituições
CET S.A.HOSP.CLIN.FAC.MED.UFMG - Minas Gerais - Brasil
Autores
LUCAS NUNES BANDEIRA DE MELO, RODRIGO TAVARES DE LANNA ROCHA, KATHARINA LANZA JAPOLINO, LARISSA CAROLINE BARBOSA, MAURICIO VITOR MACHADO OLIVEIRA, ANDRE VINICIUS CAMPOS ANDRADE