Dados do Trabalho
Título
ANESTESIA PARA PACIENTE VÍTIMA DE ESCORPIONISMO - RELATO DE CASO
Descrição
Introdução: A principal consequência do veneno do escorpião é a forte despolarização da membrana, seguida por uma queda na excitabilidade. A hipótese é que o veneno de escorpião e os anestésicos locais (AL) têm um local comum para ligação, o 6º segmento do domínio 4 da subunidade alfa (IV-S6) do canal de sódio. Os anestésicos locais competem com os anticorpos produzidos contra o veneno do escorpião, pelo mesmo sítio de ligação. Relato de caso: Paciente J.S.R., masculino, 21 anos, 115 kg, 1,89 m, IMC 32,19, A.S.A. 2, profissão: lenhador/motoboy, com histórico de rinite, sem uso de medicamento contínuo e alérgico a Vancomicina. Admitido em hospital, após acidente motociclístico, com necessidade de várias abordagens cirúrgicas, limpeza e colocação de fixador externo devido a fratura de fêmur à direita. A duração da internação foi de 41 dias e foram necessárias 9 cirurgias. Em SO, confirmado jejum adequado, avaliação pré-anestésica e termo de consentimento livre e esclarecido assinado. Monitorização básica realizada. Foi sedado com Fentanil e Midazolam. Realizada raquianestesia em posição sentada, com palpação de espaços adequados e sem variação das estruturas anatômicas, paramentação cirúrgica sob técnica estéril, com assepsia feito punção única. Foi utilizada a técnica de Tuffier, paramediana, em nível de L3-L4, com retorno de líquor cefalorraquidiano (LCR) cristalino, sendo administrado Morfina 80 mcg e Bupivacaína com glicose 5% 17,5 mg. Repetido o procedimento de bloqueio de neuroeixo com mudança de nível para L4-L5 e técnica mediana. Foi realizada punção única e injetado apenas Bupivacaína com glicose 5% 20 mg. Testado bloqueio sensitivo e motor em T10 com êxito, porém, com demora da instalação (cerca de 20 minutos). Ao término do procedimento cirúrgico, foi questionado ao paciente o histórico de acidente com animais peçonhentos, tendo confirmação que há 2 anos, ele foi picado por escorpião amarelo em três ocasiões porem multíplas picadas. Durante a internação, em todas as cirurgias, foi necessário repetir a raquianestesia. Discussão: No veneno do escorpião estão presentes as proteínas de baixo peso molecular como as alfa toxinas que agem em receptores de canais de sódio, que também são alvo do anestésico local, afetando a transmissão nervosa através da despolarização de membranas, devido ao aumento da permeabilidade ao sódio. Outro fator importante é que os anticorpos produzidos em resposta ao veneno, provavelmente exercem um antagonismo competitivo pelo local de ligação nos receptores de sódio, impedindo a ligação do anestésico e impossibilitando o seu efeito. A exposição prévia aos antígenos do veneno leva à formação de anticorpos, que permanecem na circulação sistêmica, ao longo da vida. Uma vez que esses pacientes são expostos aos AL no futuro, há um antagonismo competitivo, no local de ligação comum (IV-S6), levando à falha, ineficácia ou eficácia parcial dos ALs.
Referência 1
VALLE, S. P.; CARAVELLA, G. N.; DELORME, A. C. S.; CAMPOS, F. B. F. D.; VAIRO, L. A ação do veneno de escorpião na raquianestesia em um parto cesária. Cuadernos de Educación y Desarrollo, [S. l.], v. 16, n. 2 Edição Especial, 2024.
Referência 2
Chippaux JP. Emerging options for the management of scorpion stings. Drug Des Devel Ther. 2012;6:165-73.
Palavras Chave
Anestesia; raquianestesia;
Área
Cuidados Intensivos e Doenças Infecciosas
Fonte de financiamento
Recursos Próprios
Instituições
CET S.A.STA.CASA MISER.MARÍLIA - São Paulo - Brasil
Autores
MANOEL VICTOR SANTOS COSTA, SUSANI ANTUNES DA SILVA, ANA ELISA SILVA PAULUCCI, VICTOR CAPPIA, TEOFILO AUGUSTO ARAUJO TIRADENTES