Dados do Trabalho


Título

Anestesia para cirurgia de paraganglioma: relato de caso

Descrição

Introdução: Os tumores do tipo paraganglioma são neoplasias neuroendócrinas originárias das células cromafins da medula adrenal. Representam 15 a 20% dos tumores secretores de catecolaminas fora deste órgão, o que os diferencia do feocromocitoma [1]. Cerca de 0,05 a 0,1% dos pacientes com hipertensão arterial sistêmica (HAS) refratária possuem esses tumores, sendo relevante na investigação de HAS secundária. Os sintomas mais comuns incluem cefaleia, palpitações e diaforese [2]. Relato de caso: Paciente R.P.A.S., 32 anos, com 12 anos de HAS de difícil controle, apresenta cefaleia recorrente, taquicardia e mal-estar, com múltiplos tratamentos de crises hipertensivas em UPAs. Compareceu ao hospital para cirurgia em 27/06/24, visando a excisão de paraganglioma retroperitoneal, localizado para-aórtico, envolvendo o vaso em 180º, medindo 99x75x80mm. Exames pré-operatórios com excreção urinária de 2302,3mcg de noradrenalina em 24 horas. Admitido em bloco cirúrgico assintomático, lúcido e orientado. Monitorização não invasiva mostrou FC de 110 bpm, PA 170x100 mmHg, ritmo sinusal regular e SpO2 de 98% em ar ambiente. Iniciada sedação com fentanil EV, seguida de punção da artéria radial esquerda. Foi administrado midazolam EV e raquianestesia com bupivacaína pesada, morfina e fentanil. Pré-oxigenação com O2 a 100% e indução com fentanil, propofol e rocurônio. Lidocaína 1% aplicada em região periglótica sob laringoscopia, seguida de intubação com tubo orotraqueal de 8,0mm. Foram puncionados dois acessos periféricos calibrosos e um AVC conectado ao nitroprussiato de sódio e norepinefrina em equipos de microgotas. A anestesia foi mantida com sevoflurano. Houve demanda importante de nitroprussiato até clampeamento dos vasos nutridores do tumor e sua ressecção completa. Momento que demandou norepinefrina e vasopressina em altas doses com necessidade de transfusão de hemoderivados e expansão volêmica vigorosa com cristaloides. A perda sanguínea estimada foi de 1500 ml de sangue. Após controle hemodinâmico guiado por exames e resposta clínica, o paciente foi extubado na sala e encaminhado ao CTI assintomático, estável hemodinamicamente e sem uso de drogas vasoativas. Discussão: Um dos maiores desafios da anestesia para cirurgias de paragangliomas consiste na manutenção de estabilidade hemodinâmica devido à secreção independente de catecolaminas, exigindo cuidados pré e peroperatórios como bloqueio adequado dos receptores alfa e beta, avaliação da função cardíaca, reversão da depleção de volume intravascular, correção de distúrbios eletrolíticos e atenção aos momentos cirúrgicos de maior descarga adrenérgica[1, 2]. O desfecho favorável do paciente abordado é o resultado também de um bom trabalho em equipe que vai desde o preparo do paciente a comunicação constante entre as equipes para o melhor controle hemodinâmico visto a patologia e a localização anatômica tumoral.

Referência 1

PERAMUNAGE, Dasun; NIKRAVAN, Sara. Anesthesia for Endocrine Emergencies. Anesthesiology Clinics. 2020; 38: 149-163

Referência 2

RAMACHANDRAN, Rashmi; REWARI, Vimi. Current perioperative management of pheochromocytomas. Indian Journal Of Urology. 2017; 33: 19-25

Palavras Chave

paraganglioma; Anestesia; Perioperatório

Área

Sistemas Endócrino e Metabólico

Fonte de financiamento

Recursos Próprios

Instituições

CET DO HOSPITAL LUXEMBURGO - BH - Minas Gerais - Brasil

Autores

VICTOR CAMPOS GUIMARAES, MARINA DE MOURA NIGRI HILARIO FERREIRA, ANA FLAVIA DE LIMA RUAS, LUIZA PEREIRA AFONSO DOS SANTOS, CAIO ALVES SANTOS, RUI GUILHERME GOMES BRAGA