Dados do Trabalho

Título

Peculiaridades anestésicas da Síndrome De Von Hippel-Lindau- Relato de caso em uma Neurocirurgia

Descrição

Introdução: A doença de Von Hippel-Lindau (VHL) é uma rara condição genética autossômica dominante, associada a um risco de desenvolvimento de tumores malignos e benignos no sistema nervoso central e em órgãos internos, como feocromocitomas e cistos pancreáticos, entre outros, que necessitam de cuidados especiais durante o manejo anestésico. Relato de caso: 51 anos, feminina, hipertensão (Losartana 50 mg, Anlodipino 5 mg, Atenolol 25 mg), terceira reincidência de tumor cerebral em fossa posterior - hemangioblastoma cerebelar, neurocirurgia programada devido ao crescimento tumoral excessivo. Feito monitorização e venóclise, punção de artéria radial esquerda e veia jugular direita. Pré-oxigenação com O2 100 % sob máscara facial, indução com fentanil 200 mcg, lidocaína 80 mg, propofol alvo controlado 3 mcg/ml e rocurônio 50 mg e intubação com tubo aramado n° 7. Manutenção feita com propofol alvo controlado 3 mcg/ml, remifentanil 0,05-0,1 mcg/kg/min. Paciente apresentou hipotensão em breves períodos tratada com noradrenalina em bomba de infusão contínua 0,05-0,2 mcg/kg/min. Hidratação feita com solução cristaloide, SF0,9% (3500 ml) diurese 3000 ml, sangramento 300 ml. Duração cirúrgica 360 min e anestésica 540 min, ao final a paciente foi extubada e encaminhada ao CTI consciente e orientada. Recebeu alta para casa 2 dias após procedimento. Discussão: A proposta cirúrgico-anestésica relatada neste caso foi eficiente e o desfecho satisfatório. A anamnese de tais pacientes necessita ser direcionada, sem necessidade de exames adicionais, já que a síndrome apresentada não corrobora por si só maiores riscos de sangramento ou de outras complicações anestésicas, como via aérea difícil, por exemplo. Não há recomendação específica sobre quais melhores agentes anestésicos, por isso a necessidade de sempre individualizar os casos. Nesse relato, devido a neurocirurgia e suas possíveis complicações, optamos por agentes anestésicos que influenciassem pouco no fluxo sanguíneo cerebral e na taxa metabólica, a fim de manter a curva de autorregulação cerebral preservada, além de agente com meia vida curta para avaliar de forma eficiente o discernimento da paciente no pós operatório imediato. O controle de fluidos foi realizado de acordo com a perda da paciente para manter normovolemia e evitar redução da osmolaridade sanguínea. Dessa forma, reforçamos a necessidade de conhecer as peculiaridades da Síndrome De Von Hippel-Lindau com o objetivo de identificar e caracterizar o perfil dos pacientes a fim de minimizar repercussões adversas no intra e pós operatório.

Referência 1

GAIK, Christine; WIESMANN, Thomas. Anaesthesia recommendations for Von Hippel-Lindau disease. Anaesthesiologie & Intensivmedizin, v. 64, n. 10, 2023.

Referência 2

LYE, Siyu; YONG, Angie Phui Sze Au. Anesthetic Challenge in a Parturient With Von Hippel-Lindau Disease. Cureus, v. 15, n. 11, 2023.

Palavras Chave

Síndrome De Von Hippel-Lindau